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quinta-feira 21 novembro 2024
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Amor covarde dói – Júlia Scherer

Amor covarde dói – Júlia Scherer

A despedida do que não aconteceu, dói.
Fomos machucados e arremessados por amores anteriores e agora doemos, no outro.
É como gelo, cubos de gelo que soltam fumaça, no início você acha que irá refrescar, mas ele causa o dessabor no final do refrigerante.
Há quem diga que a frieza, é para evitar dores, eu digo que a falta de coragem é pura covardia.
Não admitir que se apaixonou novamente, que outra pessoa irá te fazer feliz, é pura covardia.
Pretextar estar de portas fechadas para rir no final da tarde comendo sorvete no pote com colheres imensas, porque um amor idiota te fez mal, é pura covardia.
Nunca gostei tanto de uma palavra como essa que te define tão bem.

Você exige do outro uma piedade grotesca por você.

Ninguém tem dó de ninguém.

Eu não tenho dó de você, eu tenho é misericórdia, por achar que sua vitimização poderia me comover.
Essa palavra que eu amo tanto, hoje, é porque ela te define tão bem.

Covarde para amar, covarde para ser amado, covarde para admitir que outra pessoa não te achou suficiente.
Tão pouco suficiente, tão pouco covarde, tão pouco admirável, tão pouco um homem que eu sinta vontade de estar junto.

Não corra com seus argumentos, não corra enviando mensagens.

Cale-se, mantenha-se longe, totalmente imóvel em sua covardia.

Júlia Scherer




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