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sábado 23 novembro 2024
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Taxa de juros volta aos dois dígitos, a 10,75%, maior nível em 5 anos

Copom decide aumentar a Selic em 1,50 ponto percentual, mantendo sequência de altas desde março para conter inflaçãoTrajetória de alta da taxa básica começou em março do ano passado

Trajetória de alta da taxa básica começou em março do ano passado 

Em uma nova tentativa de conter a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) definiu nesta quarta-feira o novo patamar dos juros básicos da economia brasileira. No oitavo aumento seguido, a taxa Selic subiu 1,50 ponto percentual, passando dos atuais 9,25% para 10,75% ao ano. Com isso, o indicador volta aos dois dígitos, o que não ocorria desde julho de 2017.

A trajetória de alta da taxa básica começou em março do ano passado, quando a Selic figurava em 2% ao ano, o menor patamar da história, após uma série de reduções iniciada em 2016. Para o fim de 2022, a projeção é que a taxa alcance 11,75% ao ano.

“Essa medida é uma ação do Banco Central, necessária neste momento, entendida como um esforço de controle do processo inflacionário, que vem ganhando um contorno importante no país”, afirma a economista Leila Pellegrino, professora de economia e coordenadora do curso de administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas.

Mas a medida tem impacto tanto no dia a dia da consumidor como também na retomada da economia. “O impacto direto mais imediato no bolso do brasileiro vai ser justamento porque, como a Selic é uma taxa de referência das demais taxas de juros, os créditos vão ficar mais caros, os endividamentos vão ficar mais caros.

Com a elevação da taxa de juros, diminui a liquidez da economia e acaba impactando negativamente as expectativas de crescimento da atividade econômica. Podemos esperar uma atividade econômica ainda mais tímida”, avalia a economista.

O novo aumento da taxa ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional. A ata detalhada com as razões que motivaram a decisão será publicada na próxima terça-feira.

“A elevação não será a última deste ano. Novo movimento de magnitude semelhante deverá acontecer também na próxima reunião, em meados de março. A maior expectativa daqui para a frente será em relação à cotação do dólar, por conta do bom desempenho das contas públicas e sinais de estímulos da China, que elevam a confiança estrangeira no Brasil e trazem dólares para a Bolsa”, analisa o economista Fabio Astrauskas, professor do Insper e CEO da Siegen Consultoria.

Na avaliação dos diretores do BC, com a deterioração do balanço de riscos e do aumento das projeções, o “ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante.”

O que é taxa Selic

A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

Em linhas gerais, a Selic é taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

Taxa estava em queda até março de 2021

Até março deste ano, a taxa básica de juros vinha registrando uma série de quedas desde julho de 2015 e a sequência de reduções consecutivas desde julho de 2019, chegando ao menor patamar da história.

A alta da inflação e as incertezas da economia por causa das crises financeira e sanitária geradas pela pandemia de coronavírus vêm pesando na decisão do Copom de elevar sucessivamente a Selic.

Correio do Povo




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