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sexta-feira 22 novembro 2024
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Entenda o que é miocardite e quem pode ter a doença

Homens na faixa dos 35 anos representam 2/3 dos pacientes com miocardite, segundo especialistaHomens na faixa dos 35 anos representam 2/3 dos pacientes com miocardite, segundo especialista

Homens na faixa dos 35 anos representam 2/3 dos pacientes com miocardite, segundo especialista 

A miocardite é uma doença inflamatória do coração, mais especificamente do músculo miocárdio.

Ela não é uma doença rara, sendo em 80% dos casos gerada a partir de uma infecção respiratória, como resfriado, e até gastrointestinal, como gastroenterite.

De acordo com a chefe do Serviço de Cardiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Andreia Biolo, além de ser resultado de uma infecção, o quadro de miocardite pode ter relações com outras agressões do sistema imune.

Essas complicações podem ser imunológicas ou resultado de agressão por uma substância que a pessoa tenha tido contato, como medicamentos.

Diagnóstico desafiador

A miocardite é uma doença que tem sintomas bem variados, considerado “desafiador” pela médica Andreia Biolo. O sintoma mais comum é a dor torácica – no peito –, relatada por 90% dos pacientes diagnosticados com a doença.

“Ela é um pouco diferente da dor que costuma ser associada ao infarto e doenças coronarianas. Ela não é muito fácil de caracterizar. Assim como o infarto, ela pode começar abruptamente ou pode, em geral, começar na frente do tórax, no osso. Mas ela também pode irradiar para outros lugares”, afirmou.

Outras manifestações que a doença pode ter são febre e falta de ar. Já em casos menos comuns, o paciente pode ter palpitação no coração e desmaios.

A partir dos sintomas, a investigação da doença passa por uma série de exames: exames gerais de inflamação, específicos para detectar o dano miocárdio, exames cardiológicos e, em alguns casos, a ressonância cardíaca.

Até 50% dos casos não necessitam de internação

Até metade dos casos de miocardite não precisam de internação hospitalar, afirmou a cardiologista Andreia Biolo. “De 30% a 50% dos pacientes podem ser avaliados e liberados porque não terão nenhuma repercussão. Aqueles que possuem, precisam ficar internados.” Já aqueles que terão alguma reincidência da doença representam 1%.

Aos pacientes que não são internados o tratamento é o de “suporte” – quando o especialista receita tratamento aos sintomas gerados pela doença, como dor.

Quem pode ter miocardite?

Qualquer pessoa pode vir a ter miocardite, mas a prevalência observada é em homens adultos. “Ela acomete mais os homens, em torno de 2/3 do total de casos. A idade mais prevalente é entre 30 e 40 anos. Mulheres em torno de 45 anos, e homens em 35 anos”, explicou a médica.

Crianças não são uma exceção, apesar da incidência de miocardite ser menor. Segundo a chefe do Serviço de Cardiologia, o fator está relacionado à menor exposição deste grupo à toxinas e tratamentos quimioterápicos. Os sintomas, a evolução e a recuperação de crianças é semelhante a de adultos.

Contudo, a especialista aponta que em alguns casos a resposta inflamatória das crianças é maior. “Às vezes as pessoas mais jovens têm inflamações respiratórias mais exuberantes e parte dela que acaba chegando ao coração também”, explicou Andreia.

Outro fator que torna a doença “desafiadora” é que ela não possui condições prévias cardiológicas. No entanto, algumas doenças autoimunes servem de alerta. “Pacientes podem ter acometimento por miocardite. Hoje em dia temos novos agentes quimioterápicos usados na oncologia que podem causar toxicidade e gerar miocardite”, pontuou. E lembrou: “em algumas vezes não se encontra causas, o chamado ‘idiopático’.”

Miocardite associado à Covid-19

O número de casos de miocardite aumentou nos últimos meses em decorrência dos casos de Covid-19, afirmou Andreia Biolo. Os casos observados pela médica no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde atua como chefe do Serviço de Cardiologia, variaram em gravidade, mas a maioria esteve associada a quadros leves.

“Mas pode ter alguns casos, e nós vimos isso no Covid-19, que a gente chama de miocardite fulminante. Estes têm acometimento mais grave no coração com disfunção e, às vezes, até com choque cardiogênico – quando o coração não consegue mais exercer sua função de bomba”, afirmou.

Andreia também apontou que a facilidade de diagnóstico que hoje a rede hospitalar em geral possui, por aquisição de exames, também contribui para o aumento de registro de casos.

Correio do Povo




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