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domingo 24 novembro 2024
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Ronda Alta: Polícia investiga morte de agricultor aposentado encontrado decapitado

A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte de um agricultor aposentado de 62 anos em Ronda Alta, no norte do RS. O corpo de Francisco Damiani foi localizado sem vida no último sábado (25), na barragem do balneário Parque da Amizade. Na segunda-feira (27), a cabeça foi encontrada a 10 metros do ponto de onde estava o corpo.

O aposentado foi visto pela última vez no início do mês. Damiani fugiu do Hospital dos Trabalhadores de Ronda Alta em 3 de setembro, onde havia sido internado voluntariamente por alcoolismo na mesma data.

O cadáver está sendo analisado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) em Passo Fundo, onde também será feita coleta de material biológico e papiloscópico.

A partir do resultado do laudo, a Polícia Civil vai definir uma linha de investigação.

— Por enquanto não temos suspeitos e se não se sabe se teve crime. Se houve crime ou não, a perícia vai nos nortear — afirma o delegado Leandro Antunes.

Damiani foi internado na manhã do dia 3 e fugiu, segundo o hospital, por volta das 17h. Uma hora depois, foi visto na Vila Esperança, em Ronda Alta, solicitando água em uma casa.

— Ele estava sozinho. A pessoa que o ajudou não sabia se ele estava embriagado ou medicado, mas aparentava estar meio aéreo, com comportamento estranho. Depois disso, não foi mais visto — conta Antunes.

A pessoa que deu água a Damiani já foi ouvida pela polícia e nesta quarta-feira (29) um vizinho desta residência deu depoimento. O hospital fez registro de desaparecimento na Delegacia Online e desde o dia 6 a polícia tenta obter imagens das câmera de segurança da instituição.

A informação que chegou a polícia é que os equipamentos do hospital armazenam imagens por apenas um dia e, por isso, não haveria gravações da saída do Damiani. Os agentes analisaram câmeras do município e de residências próximas ao hospital, que não trouxeram indícios sobre o paradeiro do homem e o momento da fuga.

Antunes afirma que a Delegacia de Ronda Alta aguarda há duas semanas informações solicitadas ao hospital, como prontuário médico — com detalhes de qual medicação foi dada a Damiani — relação de pacientes que estavam internados com ele e de profissionais que trabalharam em 3 de setembro. Todos deverão ser chamados para depor.

— O hospital tem uma ala psiquiátrica e não dispõe de portas que isolem o pessoal. Saem na hora que querem e esse tipo de fuga é muito comum. Agora, nunca ocorreu de alguém fugir e aparecer morto — diz o delegado.

 

Temos muitas dúvidas e incertezas sobre o caso, principalmente pelo não esclarecimento do desaparecimento de um paciente que estava internado sob os cuidados de uma instituição de saúde e depois as circunstâncias da morte.

Um dia antes do sumiço de Damiani, outro paciente da mesma ala fugiu, furtou uma motocicleta, foi para o município de Rondinha, furtou mais um veículo e se deslocou para Sarandi. Nesta cidade, foi preso em flagrante enquanto furtava um estabelecimento comercial.

O inquérito vai investigar a conduta do hospital e aguarda o prontuário médico de Damiani para entender se ele fugiu sob efeito de algum medicamento. Procurado pela reportagem, o hospital informou que, seguindo orientações jurídicas, não irá se pronunciar até sair o resultado do laudo do IGP. A perícia também vai apontar se Damiani morreu em razão da decapitação ou se a cabeça foi retirada do corpo após a morte.

— Temos muitas dúvidas e incertezas sobre o caso, principalmente pelo não esclarecimento do desaparecimento de um paciente que estava internado sob os cuidados de uma instituição de saúde e depois as circunstâncias da morte. É bastante estranha a forma e as condições em que o corpo foi encontrado — considera a advogada da família, Maura da Silva Leitzke.

Segundo o delegado, Damiani não tinha inimizades e nem conhecidos em Ronda Alta. A filha Silvia Damiani, 35 anos, conta que o pai morava em Boa Vista das Missões e devido ao alcoolismo foi morar com uma irmã, no interior de Lajeado do Bugre.

Em 2 de setembro, Damiani passou mal, foi buscar atendimento médico no município e devido a uma convulsão foi transferido para Palmeiras das Missões. Por sofrer com alcoolismo, fez internação voluntária no dia seguinte na ala psiquiátrica do hospital de Ronda Alta. O aposentado já havia procurado atendimento nesta instituição outras vezes.

— O hospital diz que meu pai saiu pelas 17h, mas nada comprova. Só deram falta dele quando foram chamá-lo para se alimentar. Queremos uma resposta pois isso destruiu nossa família. Formamos um grupo de quase 20 pessoas para procurá-lo em vilas, matas, rios, até em lixeiras. Era uma pessoa maravilha e não tinha inimizade com ninguém — diz a filha.




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