Político garante que investigação foi projetada para forçá-lo a renunciar
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que foi vítima de um “golpe político” enquanto se prepara para deixar o cargo nesta segunda-feira, depois de renunciar por acusações de assédio sexual. Em um discurso de despedida gravado, o outrora poderoso democrata insistiu que a investigação que mostrou que ele assediou sexualmente várias mulheres, incluindo funcionárias, foi projetada para forçá-lo a renunciar.
“Houve um estrondo político e midiático. Mas a verdade virá à luz com o tempo. Disso eu estou certo”, disse Cuomo, que entrega as rédeas do quarto estado mais populoso dos Estados Unidos à vice-governadora Kathy Hochul.
Cuomo – filho de Mario Cuomo, que foi governador durante três mandatos – esteve à frente de Nova York por uma década, ganhando as eleições pela primeira vez em 2010. Ficou internacionalmente conhecido no ano passado, quando foi amplamente elogiado pelas suas sessões informativas diárias na televisão sobre a pandemia. Isso acontecia enquanto o então presidente republicano Donald Trump criava confusão com mensagens incoerentes sobre o coronavírus, o que levou alguns democratas a pedirem uma candidatura presidencial de Cuomo.
Sua popularidade, no entanto, caiu no final do ano passado, quando foi acusado de omitir o verdadeiro número de mortes por covid-19 em lares de idosos. E neste ano, várias mulheres denunciaram o político de 63 anos de assediá-las sexualmente.
As acusações culminaram em um explosivo relatório da procuradora-geral do estado, Letitia James, publicado no início deste mês, o qual afirmava que Cuomo abusou sexualmente de 11 mulheres, inclusive com toques não desejados. Cuomo nega energicamente as acusações e inicialmente rejeitou os pedidos para que renunciasse, incluindo os do presidente Joe Biden.
No entanto, à medida que uma investigação dos deputados estaduais ganhou força, Cuomo anunciou em 10 de agosto que iria renunciar e deixaria o cargo duas semanas depois.
Em seu discurso de despedida, ele afirmou que um “julgamento apressado” provocou um “escândalo midiático” que não era “certo, justo ou sustentável”. Também destacou algumas de suas conquistas, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Nova York em 2011 e o aumento do salário mínimo do estado para 15 dólares em dezembro de 2019.
“Nenhum governador na nação aprovou mais medidas progressistas do que eu”, afirmou. Hochul, também democrata, será a primeira mulher a governar Nova York quando prestar juramento em Albany, a capital do estado, na terça-feira.
Correio do Povo