Para alguns deputados, evento é tentativa de intimidação do Congresso; Bolsonaro nega
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou como uma “trágica coincidência” a realização de um desfile militar, nesta terça-feira, convocado pela Marinha nos arredores do Congresso Nacional, em Brasília. No mesmo dia, os deputados tendem a rejeitar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro em meio a ameaças de embargo das eleições de 2022 em caso contrário.
Em nota, a Força Armada informou que o comboio de veículos blindados vai integrar a chamada Operação Formosa, promovida anualmente pela Marinha, e que primeira vez vai contar com a participação do Exército e da Força Aérea.
Para alguns parlamentares, o exercício militar pode ser visto como uma tentativa de intimidação do Congresso e de influenciar o resultado da votação.
“Não é usual”, disse o presidente da Câmara sobre o exercício militar. “E não sendo usual, em um país polarizado do jeito que o Brasil está, isso dá cabimento para que se especule tratar de algum tipo de pressão. Entramos em contato com o Palácio do Planalto, falei com o presidente Bolsonaro e ele garantiu não haver esse intuito”, afirmou o parlamentar.
Em entrevista ao site O Antagonista, Lira disse que o desfile não deve causar problemas à votação, mas caso parlamentares e a população achem conveniente, é possível adiar a decisão em plenário sobre a PEC.
“Essa Operação Formosa acontece desde 1988 aqui em Goiás com movimentações da Marinha. Esse ano serão acrescidos o Exército e a Aeronáutica. Então não é uma coisa que foi inventada, mas também nunca houve desfile na Esplanada dos Ministérios para ir a Formosa (GO) e parar na frente do Palácio do Planalto”, afirmou Lira.
Entenda
O evento de demonstração da Operação Formosa às autoridades, a chamada “Demonstração Operativa”, ocorre dentro de uma semana, na segunda-feira que vem (16). Parte do comboio com blindados, armamentos e outros meios da Força, porém, chega nesta terça-feira ao Palácio do Planalto para marcar a entrega, em mãos, dos convites da demonstração ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e ao ministro da Defesa, Braga Netto.
*Com informações da Agência Estado