Um total de 13 integrantes do primeiro escalão do governo foram submetidos a exames de diagnóstico
Os 13 ministros que realizaram exames de diagnóstico após contato com o presidente Jair Bolsonaro , infectado pelo novo coronavírus , receberam resultados negativos. O presidente foi diagnosticado com a doença na terça-feira, 7, mas relatou que já sentia sintomas desde o domingo.
Segundo levantamento do Estadão, seis ministros fizeram apenas o teste rápido (sorológico), que encontra anticorpos para o vírus em amostras de sangue. Fora eles: os ministros Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Ernesto Araújo , Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) e Wagner Rosário (CGU).
Guedes, que a exemplo do presidente faz parte do grupo de risco da doença – ele tem 70 anos – esteve com Bolsonaro ao menos sete vezes nos últimos 14 dias, período máximo de incubação do novo coronavírus até que o paciente comece a apresentar os sintomas. A mais recente foi na segunda-feira, 6, numa reunião no Palácio do Planalto, quando o presidente já apresentava sinais da doença.
Outras autoridades fizeram o teste do tipo RT-PCR, tido como “padrão ouro” para diagnóstico por detectar a presença do vírus. Receberam resultado negativo, por este exame, os ministros Fábio Faria (Comunicações), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Fernando Azevedo (Defesa) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). José Levi Mello (Advocacia-Geral da União) e André Mendonça (Justiça) receberam resultados negativos em testes rápidos e RT-PCR. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também testou negativo, mas não informou por qual tipo de teste.
Diagnóstico não é conclusivo
O diagnóstico dos auxiliares, no entanto, não é conclusivo. Entidades médicas e o próprio governo federal dizem que há dias certos para que seja maior a precisão de cada tipo de análise.
O uso do teste rápido deve ser feito apenas após o 8º dia de sintomas para covid-19, quando o corpo já reagiu ao vírus. “Resultados positivos indicam que você teve contato recente com o vírus ou que você já teve covid-19 e está se recuperando ou já se recuperou”, afirma nota da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Assim sendo, esse teste isolado não serve para diagnosticar (confirmar ou descartar) infecção”, completa o órgão.
Apesar de ser indicado para diagnóstico, o teste RT-PCR também pode apresentar resultados falsos, conforme o dia em que for aplicado. “Pacientes com covid-19 parecem ter excreção viral diminuída nos três primeiros dias de sintomas, com aumento na positividade da RT-PCR do 4º ao 6º do início dos sintomas”, afirma nota de abril do grupo “força colaborativa Covid-19 Brasil”, que inclui a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Associação de Medicina Intensivista Brasileira (Amib), entre outras entidades.
A ministra Tereza Cristina (Agricultura) e o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, não devem realizar o teste, sob argumento de que não tiveram contato com Bolsonaro nos últimos dias.
A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, testou negativo na semana passada, mas deve realizar novo exame.
Isolamento
Ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde e pesquisador da Fiocruz, o infectologista Julio Croda recomenda que devem se isolar por pelo menos uma semana todas as pessoas que tiveram contato com Bolsonaro até dois dias antes de ele apresentar sintomas. O presidente afirma que o mal-estar começou no domingo, 5. Na terça-feira, 7, ele confirmou o teste positivo.
Croda alerta que o resultado dos exames feitos em curto intervalo após o contato com o presidente podem ser falsos. “Tem gente que já está fazendo exame. Mas, se der negativo, pode ser um resultado falso. Tem de refazer lá na frente”, afirmou o infectologista.
Correio do Povo