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sábado 23 novembro 2024
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Dólar tem terceiro dia seguido de queda e termina em R$ 4,85

Em junho, moeda norte-americana já caiu 9%

Foto: Marcos Santos / USP Imagens / Divulgação / CP

Bolsa engatou 7ª sessão em alta, aos 97.644,67 pontos, com ganho de 3,18%

Em junho, moeda norte-americana já caiu 9%

O dólar teve o terceiro dia seguido de queda e já acumula desvalorização de 19% desde que atingiu a máxima histórica intradia, R$ 5,97, há pouco menos de um mês, em 14 de maio. Só em junho, o dólar já caiu 9%. A valorização do real continua sendo puxada pelo cenário externo favorável, com a visão de que a recuperação da economia será mais rápida nos Estados Unidos e regiões da Europa, e uma melhora do ambiente político doméstico. Em meio à liquidez em excesso nos países desenvolvidos, a avaliação mais otimista dos investidores sobre a retomada da economia estimula a busca por ativos de risco e a desmontagem de posições contra o real no mercado futuro. O dólar à vista fechou em queda de 2,73%, cotado em R$ 4,8544, menor valor desde 13 de março. No mercado futuro, o dólar para julho era negociado em R$ 4,84 às 17h40.

Prosseguem os relatos de entrada de capital externo no Brasil, para aplicações em Bolsa, que na tarde de hoje superou os 97 mil pontos, engatando a sétima alta consecutiva. Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 4,84.

Nesse ambiente de busca por retorno, os ativos da América Latina, especialmente os do Brasil e México, que haviam piorado mais que outras regiões do planeta, agora se recuperam, avalia o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson. “A melhora no apetite por risco no mercado mundial beneficiou os mercados da América Latina mais que outras regiões.” Apesar da alta dos ativos locais, Jackson ressalta que os recentes indicadores da atividade econômica no Brasil e nos demais países da América Latina ainda estão ruins e os casos de coronavírus seguem em expansão na região.

No exterior, o dólar teve novo dia de queda ante divisas fortes e a maioria dos emergentes, ainda ecoando o relatório de emprego da economia americana divulgados na sexta-feira, que mostrou criação de 2,5 milhões de vagas em maio enquanto se esperava fechamento de 8 milhões. “Foi uma completa surpresa”, escrevem hoje os analistas do banco suíço Julius Baer, ressaltando que o documento sinaliza que os EUA já passaram pelo fundo do poço da crise.

 

Mesmo com o rali dos últimos dias, o dólar ainda acumula alta de 21% ante o real em 2020, com a moeda brasileira liderando o posto de pior desempenho. O chefe de mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressalta que o dólar devolveu um pouco nos últimos dias do excesso da alta de maio, ajudado por um cenário externo positivo e ausência de notícias ruins no mundo político. Ele observa que a aproximação de Jair Bolsonaro com os partidos do Centrão ajuda a melhorar a perspectiva de governabilidade e avanço de reformas e que a reabertura das atividades em São Paulo pode ajudar para o dólar seguir em queda.

Ibovespa

Após acumular alta nas três semanas anteriores, com ganhos progressivos respectivamente de 5,95%, 6,36% e 8,28%, o Ibovespa se manteve nesta segunda-feira em terreno positivo pela sétima sessão consecutiva, a mais longa desde a série de nove ganhos observada entre 14 e 26 de fevereiro de 2018, quando então, no retorno do Carnaval, o mercado reagia à perspectiva de crescimento global mais forte, que resultava também em escalada dos preços das commodities. Acentuando os ganhos no fim da sessão, o Ibovespa mostrou fôlego em relação ao exterior para fechar em alta de 3,18%, aos 97.644,67 pontos, perto do pico do dia.

Nesta segunda-feira, com a retomada do apetite por risco, o dia foi marcado também por nova retração do dólar, com a moeda à vista tendo fechado a sessão em queda de 2,73%, R$ 4,8544. Na máxima de hoje, o Ibovespa foi aos 97.693,47 pontos – superando o pico de sexta, então aos 97.355,75 pontos, agora também no maior nível intradia desde 9 de março (97.982,08) -, enquanto na mínima tocou os 94.635,19 pontos. Ao final, manteve o maior nível de fechamento desde 6 de março, então aos 97.996,77 pontos. O giro financeiro, mais uma vez elevado, foi de R$ 32,7 bilhões e, no ano, o índice limita agora as perdas a 15,57% – em um mês, o avanço chega a 21,66%, e, em 12 meses, as perdas ficam agora em apenas 0,18%.

Hoje, a XP Investimentos elevou o preço-alvo do Ibovespa de 94 mil para 112 mil pontos para o final de 2020, o que colocaria o índice de referência da B3 não tão distante do ponto em que havia encerrado o ano passado, então aos 115.645,34 pontos, tendo acumulado ganhos de 31,58% ao longo de 2019. Parte dos analistas e economistas, contudo, observa que apesar do fôlego demonstrado a partir de abril, reforçado na segunda quinzena de maio e que, agora, leva o Ibovespa a buscar novos níveis de preço neste início de junho, os fatos – ou seja, a economia, as incertezas políticas, aqui e nos EUA, e a falta de previsibilidade até o momento com relação à pandemia no Brasil – tendem a coibir, em algum momento, o entusiasmo das últimas semanas.

A expectativa é de que o Ibovespa passe por uma realização antes de alcançar os 100 mil pontos, embora o apetite demonstrado recentemente pelo investidor estrangeiro tenha contribuído para dar sustentação ao índice. Em junho, nos quatro primeiros pregões do mês, houve saldo positivo de R$ 2,456 bilhões, resultado de compras de R$ 56,781 bilhões e vendas de R$ 54,324 bilhões em ações por estrangeiros. Até o momento, o último mês completo com saldo positivo na B3 foi setembro de 2019. No ano de 2020, a retirada dos investidores estrangeiros do mercado acionário local ainda é de R$ 74,390 bilhões.

 

Os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 670,751 milhões na B3 no pregão da última quinta-feira (04). Naquele dia, o Ibovespa fechou em alta de 0,89%, aos 93.828,61 pontos, com giro financeiro em R$ 31,2 bilhões. Foi a primeira vez no ano em que o índice teve quatro pregões seguidos de alta – que se estende nesta segunda-feira a sete sessões, com volumes financeiros que têm se mostrado reforçados.

 

“O fluxo de ingresso retira pressão do dólar, agora convergindo para baixo de R$ 5. O estrangeiro tem voltado, mas há muitos fatores de incerteza que tendem a conformar o segundo semestre, como as eleições nos EUA – com Biden até aqui à frente de Trump nas intenções de voto -, as dificuldades econômicas aqui e as dúvidas em relação à evolução da covid no País, no momento em que as atividades começam a ser retomadas”, aponta o economista Renato Chain, da Parallaxis Economia, que prevê o Ibovespa em faixa mais acomodada, entre 84 e 86 mil pontos no fechamento do ano. “Para mim, os 97 mil pontos já seriam um ponto de venda”, acrescenta o economista, que vê oportunidades, contudo, nas ações de grandes bancos, como Bradesco, Itaú e BB, e de empresas de infraestrutura (à exceção de Eletrobras).

Nesta segunda-feira, após acumularem ganhos de dois dígitos na semana anterior, os bancos seguiram em terreno positivo, com destaque para Bradesco PN (+5,25%). Na ponta do Ibovespa, as companhias aéreas seguem em recuperação, com Azul em alta de 29,25% e Gol, de 28,29%, seguidas por Embraer (+18,36%) e CSN (+17,12%) na sessão. As ações de commodities também fecharam no azul, embora de forma mais modesta, com Petrobras ON em alta de 2,19%, a PN, de 1,95%, e Vale ON com ganho de 0,31%. No lado oposto do Ibovespa, destaque para Yduqs, em baixa de 3,66%, a maior dentre os componentes do índice.

Juros

Os juros futuros fecharam a segunda-feira sem direção única. As taxas curtas fecharam perto da estabilidade, as de prazo intermediário ainda sustentaram um viés de alta, mas as longas passaram a recuar com o alívio no câmbio, o que conferiu à curva uma leve desinclinação. Porém, hoje sem destaques de agenda e noticiário, as oscilações foram limitadas e o volume, modesto. O movimento de realização de lucros visto nas últimas sessões chegou a pautar os negócios pela manhã, mas perdeu fôlego à tarde a partir da aceleração da queda do dólar, que bateu mínimas até a casa dos R$ 4,86.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 2,19% (2,17% no ajuste anterior) e a do DI para janeiro de 2022 passou de 3,07% para 3,12%. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 5,77%, de 5,802% no ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,71%, de 6,772%.

A semana é de agenda pesada, no Brasil e no exterior, com divulgação do IPCA de maio, reunião do Federal Reserve, além de julgamentos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF) que podem mudar o cenário político. Todo esse calendário serve de argumento para explicar movimentos mais comedidos, deixando os investidores em compasso de espera antes de definir posições. A semana também é mais curta para o mercado financeiro em função do feriado de Corpus Christi, na quinta-feira.

“Hoje não tivemos nada de impacto, com o mercado aguardando IPCA, Fomc, TSE e STF. Roberto Campos Neto somente ratificou as apostas de corte de 0,75 ponto e ‘no more'”, disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima. Durante reunião por videoconferência com investidores, organizada pelo Goldman Sachs, Campos Neto repetiu que a autarquia considera um corte adicional da Selic de até 0,75 ponto porcentual em seu próximo encontro. Voltou a dizer que a conjuntura atual recomenda um estímulo monetário “extraordinariamente elevado”, mas, ao mesmo tempo, pontuou que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional da Selic.

Desse modo, sem novos fatores capazes de alterar o quadro de apostas para a política monetária de curto prazo, as taxas curtas mostraram pouca mobilidade. A dinâmica, porém, pode mudar com o IPCA de maio, que sai na quarta-feira, para o qual a mediana das estimativas de pesquisa do Projeções Broadcast é de deflação de 0,46%.

O miolo da curva ainda sustentou alguma correção até o fim da sessão, com taxas em leve alta, mas com o dólar abaixo de R$ 4,90 os DIs longos passaram a cair, num dia também em que os contratos de Credit Default Swap (CDS, em inglês) estiveram bem comportados.

Correio do Povo




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