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sábado 23 novembro 2024
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Deputados querem que MPF investigue Sérgio Camargo

Grupo pede que seja aberto inquérito sobre fala em que presidente da Fundação Palmares chama o movimento negro de “escória maldita

Foto: Facebook / Reprodução / CP
Um grupo de parlamentares pediu que o Ministério Público Federal (MPF) abra um inquérito para investigar a fala do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, na qual ele chama o movimento negro de “escória maldita”. Os áudios de uma reunião a portas fechadas foram revelados nessa terça-feira pelo jornal O Estado de S.Paulo. Os parlamentares entendem que o presidente da autarquia cometeu crime de responsabilidade.

Assinaram o documento, nesta quarta-feira, entre outros deputados, Áurea Carolina (PSOL-MG), Benedita da Silva (PT-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Bira do Pindaré (PSB-MA), Damião Feliciano (PDT-PB), David Miranda (PSOL-RJ) e Orlando Silva (PCdoB-SP).

Na representação, os parlamentares dizem que Camargo promove o desvirtuamento dos objetivos legais da fundação que comanda, criada para promover e preservar a cultura negra, o que configura desvio de finalidade, abuso de poder e improbidade administrativa.

“Não pode as instituições públicas permitirem que o Presidente da Fundação, seguindo o ideário bolsonarista de promoção de ódio e de intolerância, contrarie as normas legais que fundaram e devem orientar a atuação do gestor público”, cita o documento.

Mãe Baiana
No áudio ao qual o Estadão teve acesso, Camargo também fala que não vai destinar um centavo para terreiros, em referência aos locais usados por religiões de matriz africana. Ele também ofende Adna dos Santos, conhecida como Mãe Baiana, ao chamá-la de forma pejorativa de macumbeira. Nesta quarta-feira, Adna decidiu prestar queixa contra ele na Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial do DF.

“Tem gente vazando informação aqui para a mídia, vazando para uma mãe de santo, uma filha da p* de uma macumbeira, uma tal de Mãe Baiana, que ficava aqui infernizando a vida de todo mundo”, disse Camargo, na reunião, em referência a Adna.

Mãe Baiana é uma das lideranças mais atuantes do candomblé no Distrito Federal e ocupa cargo de Coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial no governo distrital.

Ela também atuou na Fundação Palmares por cerca de quatro anos. Hoje, buscou a delegacia apoiada de um grupo de cerca de 10 pessoas que a acompanhou também como forma de protesto.

Mais cedo, a Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) também apresentou uma representação ao MPF contra o presidente da Fundação Palmares. Nesse caso, por crime de racismo e ofensa à legislação.

Para a Educafro, Camargo estabeleceu critério “flagrantemente negativo às religiões de matriz africana”. Com isso, a entidade considera que ele incorreu no artigo 20 da Constituição que veda “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Correio do Povo, com AE



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