Competições ocorrerão na primavera ou no verão do hemisfério Norte em 2021
As novas datas serão definidas pela Comissão de Coordenação do COI, presidida pelo australiano John Coates, e pelo Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio, em coordenação com as Federações Internacionais. Questionado pela agência de notícias AFP, Christophe Dubi, diretor dos Jogos no COI, alertou que “será um trabalho de titãs”.
Primavera 2021
“Existem dois cenários possíveis”, confirmou Dubi. “Organizar os Jogos na primavera ou no verão (do ano que vem). Aconteça o que acontecer, será um trabalho de titãs analisar calendários esporte por esporte. Também tem que ver a disponibilidade, principalmente do parque hoteleiro e dos grandes centros de congressos que deveriam, por exemplo, hospedar a central de mídia”.
A primavera pode ser um bom período do ponto de vista climatológico, evitando assim o forte calor que levou o COI a mudar a maratona e a marcha de Tóquio para Sapporo. Entretanto, “na primavera temos a final dos grandes campeonatos esportivos coletivos, como o futebol na Europa”, acrescentou Dubi.
Já confrontados com a suspensão dos campeonatos como resultado do novo coronavírus e talvez privados das finais das competições continentais (como a Liga dos Campeões da Europa), os organizadores de certos esportes coletivos (futebol, basquete, entre outros) podem desaprovar a competição dos Jogos na próxima primavera. Também será necessário contar com a competição da Eurocopa e da Copa América de futebol que, por sua vez, foram adiadas para o ano que vem, de 11 de junho a 11 de julho de 2021.
Adiar os Jogos Olímpicos por nove meses ou um ano não faz uma grande diferença, apesar do fato de que, para um funcionário da federação, “as indenizações a serem pagas ou os novos gastos serão provavelmente menores se os Jogos forem realizados na primavera”.
Porém, o uso do equipamento que o Comitê Organizador deverá liberar, como os apartamentos da Vila Olímpica, onde residirão os 11.000 atletas participantes, terá que ser adiado por vários meses. Segundo os promotores, 4.145 apartamentos devem ser vendidos. Em um primeiro lote de 940 casas colocadas à venda no verão de 2019, a maioria já foi adquirida.
Verão de 2021
“Propus adiá-los (os Jogos) por cerca de um ano e o presidente do Comitê Olímpico Internacional (Thomas) Bach aceitou 100%”, disse o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, depois de se reunir com o chefe olímpico, sem dar mais detalhes. Segundo uma fonte próxima ao COI, a organização dos Jogos no verão de 2021 “é a solução preferida de Abe”.
O adiamento por um ano, talvez nas mesmas datas, forçará o Comitê Organizador a manter disponíveis as inúmeras instalações planejadas para os Jogos. Foram planejados 43 locais, alguns construídos para a ocasião. O adiamento, contudo, trará problemas para a maioria, a menos que as autoridades japonesas decidam intervir.
Antes do anúncio do adiamento, o COI havia enfatizado que “vários locais indispensáveis para os Jogos podem não estar disponíveis” além das datas inicialmente planejadas para julho e agosto de 2020. É o caso, por exemplo, do novo Estádio Olímpico de Tóquio, com capacidade para 68 mil espectadores. O local deve receber shows e outros campeonatos esportivos após o evento olímpico.
Um adiamento de um ano também precisará de uma reprogramação do calendário esportivo, já que em 2021 dois mundiais seriam disputados e acompanhados com muito interesse pelo público: o atletismo, de 6 a 15 de agosto em Eugene, sede da multinacional americana Nike, estreitamente vinculada ao presidente da Federação Internacional de Atletismo (Mundial de Atletismo), Sebastian Coe, e o de natação, organizado pela Federação Internacional de Natação (Fina) de 16 de julho a 1 de agosto em Fukuoka (Japão).
O Mundial de Atletismo já anunciou negociações com os organizadores norte-americanos na segunda-feira para adiar o Mundial de 2021. Quanto à Fina, de acordo com uma fonte próxima à agência, o adiamento da Copa do Mundo de 2021 não apresentaria problemas. “Você apenas tem que mudar as datas”. A federação terá que lutar para não perder muito dinheiro na operação.
AFP/Correio do Povo