MEMÓRIAS DE SARANDI 20
Época: Antigamente
Humberto Tesser Paris
SONS DA CIDADE
A pacata Sarandi de antigamente era despertada de seu silêncio por vários sons que eram produzidos por diversos fatores. Alguns sons eram ouvidos em toda a cidade:
– A Cooperativa tocava sua sirene como a avisar a população para procurar abrigo, em vista de um iminente ataque aéreo.
– O Frigorífico antigo com seu apito, avisava a todos a chegada do trem que nunca veio.
– A Igreja, com a ajuda do Guilherme, badalava seus sinos marcando os horários das missas. Posteriormente foi adicionada música em auto-falantes externos.
Havia uma em especial que me emocionava muito.- O Cinema tocava música, prevenindo a todos sobre a hora da sessão. Ao tocar O Guarani, de Carlos Gomes, era hora de apressarem-se, pois o filme já ia começar.
Enquanto outros sons atingiam locais mais específicos.
– O Colégio das Freiras tocava uma sineta, que, devido a proximidade, parecia que estava dentro da minha casa. As freiras também tinham um cachorro de grande porte que latia na noites frias, quebrando o silêncio e motivando a criatividade imaginativa.
– A britadeira, que funcionava atrás da igreja, perto da gruta, lançava seu som a longa distância, quando estava em uso.
Nunca entendi porque ela foi instalada encima do morro. Talvez pretendessem rebaixá-lo.
– Nas noites chuvosas, havia uma infinidade de coaxar de sapos, rãs e insetos variados.
– Nos dias antes da chuva, os rabo-de-palha cantavam felizes seus tuí-tuí-tuí encima dos chorões.
– além dos diversos passarinhos: quero-quero, canário, pomba-rola, coleirinho, sabiá, corruíra, sabiá…