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sexta-feira 22 novembro 2024
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Melhora da tensão comercial favorece recuperação da Ibovespa

Dólar à vista terminou dia em queda de 0,39%, a R$ 3,96

Com alta, Ibovespa recuperou boa parte das perdas de 2% registradas na véspera

Com alta, Ibovespa recuperou boa parte das perdas de 2% registradas na véspera 

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O mercado brasileiro de ações teve dois momentos distintos nesta terça-feira, ambos determinados pelo noticiário internacional. Depois de ter iniciado o dia em queda, ainda repercutindo o cenário eleitoral na Argentina, o Índice Bovespa virou para o positivo e encerrou o pregão com alta firme, em resposta aos sinais de melhora na relação entre Estados Unidos e China. Ao final da sessão de negócios, o principal índice de ações da B3 marcou 103.299,47 pontos, em alta de 1,36%.

Com a alta, o Ibovespa recuperou boa parte das perdas de 2% registradas na véspera, quando havia voltado ao patamar dos 101 mil pontos. Na mínima do dia, o índice brasileiro chegou a marcar 101.414 pontos (-0,49%). Na máxima, chegou aos 103.778 (+1,83%).

A recuperação aconteceu por volta das 10h30, primeiro com declarações da China apontando para a continuidade dos diálogos com os Estados Unidos. Depois, os Estados Unidos anunciaram que retirariam alguns produtos da lista de tarifação de 10% sobre produtos chineses. Outros produtos tiveram a taxação adiada de 1º de setembro para 15 de dezembro.

“Os dois fatos quase simultâneos promoveram uma reviravolta nos mercados, deixando espaço para uma recuperação dos ativos. As falas reduziram os temores de desaceleração da economia global e mudaram a dinâmica dos mercados, com impacto principalmente sobre as ações de commodities”, disse Rafael Figueredo, analista da Eleven Financial.

Figueredo ressalta que o risco de desaceleração global está levando os bancos centrais a fazerem a lição de casa, afrouxando a política monetária e promovendo outras medidas de incentivo à economia. Com isso, ele recomenda especial atenção às ações de empresas de materiais básicos, que vêm sendo fortemente penalizadas pela guerra comercial e os temores de desaceleração econômica. Por estarem bem mais descontados que outras ações, esses papéis teriam potencial bem maior de alta a partir do momento em que essas políticas começarem a mostrar resultados.

Na análise por índices setoriais da B3, o de materiais básicos (IMAT) teve ganho de 3,31%, mais que o dobro do Ibovespa. A diferença está nos acumulados de agosto (-3,10%) e de 2019 (-5,72%), nos quais o IMAT é o único índice da B3 a contabilizar perdas. Na carteira desse índice, que tem 12 ações, os destaques da terça-feira foram Vale ON (+2,97%), Bradespar PN (+2,71%) e Suzano ON (+5,87%).

Dólar

O dólar começou a terça-feira em alta e voltou a superar R$ 4,00. Mas a notícia de que a Casa Branca vai adiar o início da cobrança de tarifas a determinados produtos chineses para dezembro trouxe alívio ao mercado e o dólar passou rapidamente a cair. Operadores relatam ainda que uma entrada expressiva de recursos do exterior contribuiu para aumentar a oferta da moeda, retirando pressão sobre o câmbio. Com isso, o dólar, que na máxima foi a R$ 4,01, caiu a R$ 3,94 na mínima Apesar de ficar em segundo plano aqui, a Argentina seguiu no radar das mesas de câmbio, assim como a situação dos protestos em Hong Kong, que fez moedas de emergentes asiáticos se enfraquecerem. O dólar à vista terminou o dia em queda de 0,39%, a R$ 3,9678.

“O adiamento das tarifas sobre a China e entrada forte de capital ajudaram o dólar a cai”, ressalta o diretor de tesouraria do Travelex Bank, João Manuel Campanelli Freitas. Ao postergar o aumento tarifário, o executivo ressalta que os americanos mostram disposição em negociar um acordo comercial, o que ajuda a tranquilizar o mercado, que tinha reduzido nos últimos dias as apostas de uma solução para o caso.

Para o diretor do Travelex Bank, há muitos recursos para entrar aqui, por conta de captações externas recentes, operações no mercado de ações e outros negócios. O dólar acima de R$ 3,95 propicia uma boa oportunidade para trazer esses recursos, ressalta ele.

Depois de pressionar o câmbio na segunda, a Argentina ficou em segundo plano nesta terça aqui, apesar de o dólar continuar em forte alta no país vizinho, mas seguiu no radar dos investidores. O Banco Central intensificou as intervenções no câmbio, vendendo dólares e títulos, mas sem sucesso. Enquanto a moeda americana caiu no Brasil, México, Colômbia, Rússia e África do Sul, subiu 6% ante o peso argentino.

Para o estrategista do Société Générale, Dev Ashish, considerando que o peronista Alberto Fernandez se tornou “claro favorito” para vencer as eleições, seria uma surpresa se as condições no mercado financeiro argentino melhorassem rapidamente, na medida que pode ser difícil o país evitar um novo default. Ao mesmo tempo, ele prevê que o “tsunami” nos mercados deve prejudicar ainda mais a recuperação da atividade econômica, ressalta em relatório. Por isso, o peso deve seguir pressionado e pode voltar a afetar os mercados da região.

Taxas de juros

Os juros futuros fecharam a sessão desta terça-feira em leve queda na ponta longa da curva, refletindo essencialmente o cenário externo. O anúncio do governo americano de que vai suspender a aplicação de algumas tarifas a produtos chineses, e adiar a entrada em vigor de outras, trouxe alívio, mas a percepção do mercado é de que o cenário internacional ainda é de muitas incertezas. Em especial a questão da eleição na Argentina merece atenção. As taxas curtas e intermediárias permaneceram de lado, refletindo a agenda doméstica esvaziada e falta de notícias capazes de mexer com as apostas para a política monetária.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou estável em 5,39% e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,391% na segunda no ajuste para 6,36%. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou em 6,87%, de 6,881%. O dólar à vista fechou cotado em R$ 3,9678, baixa de 0,39%.

A trajetória de queda das taxas ganhou forma no meio da manhã, após Trump anunciar a suspensão e o adiamento de tarifas. “Depois disso, o dólar voltou bem e junto trouxe a curva inteira, foi o principal movimento dos juros”, afirmou o trader da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, lembrando que até então os mercados estavam estressados pelo pessimismo sobre o acordo comercial, com o núcleo do CPI americano acima das estimativas e com as tensões políticas em Hong Kong e na Itália.

Segundo ele, contudo as dúvidas sobre “o grau de contágio da Argentina nos ativos locais” limitaram o movimento positivo. Os efeitos das primárias da eleição presidencial do domingo, que mostraram que dificilmente o presidente Mauricio Macri, com sua agenda pró-mercado, conseguirá se reeleger, foram suplantados pelas notícias sobre a China e os Estados Unidos, mas os investidores seguem monitorando a situação.

“Isso não afeta o mundo, mas afeta o Brasil, pois eles são um dos nossos principais parceiros comerciais”, diz um gestor. Apesar dos fundamentos econômicos no Brasil serem bem mais sólidos, é difícil que os ativos domésticos consigam passar incólumes e o grande termômetro é o câmbio e suas implicações para o corte da Selic.

No fim da manhã, o Tesouro Nacional realizou leilão de NTN-B, repetindo o lote de até 1,150 milhão ofertado na operação anterior, colocado integralmente e com taxas dentro do consenso do mercado.

Correio do Povo




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