Presidente lembrou que primeiro contato com o atual ministro da Justiça e Segurança Pública ocorreu na campanha eleitoral
Depois de dizer, no último domingo, em entrevista à Rádio Bandeirantes, que esperava cumprir o compromisso de indicar o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro voltou atrás nesta quinta-feira. Em sua live semanal, transmitida pelo Facebook, o chefe de Estado negou a existência de um acordo para que Moro ficasse com uma vaga no STF.
“Quem me acompanhou ao longo de quatro anos, sabe que eu falava que precisamos de alguém no Supremo com o perfil do Moro. Não teve nenhum acordo, nada, ninguém nunca me viu com o Moro (antes da eleição)”, afirmou o presidente direto de Dallas, nos Estados Unidos, onde recebeu o prêmio de personalidade do ano. De acordo com o Bolsonaro, o primeiro contato com Moro ocorreu por telefone, ainda durante a campanha eleitoral.
A declaração de Bolsonaro de hoje vai ao encontro do que disse o próprio Sergio Moro. “Me sinto honrado com o que o presidente falou. Mas assim, não tem a vaga no momento. E quando surgir a vaga o presidente vai avaliar se manterá o convite, e eu vou avaliar se aceitarei o convite, se for feito, evidentemente. Então não é uma coisa que hoje se encontra na minha mente. Meu trabalho hoje é desempenhar minhas funções dentro do ministério, e fazer um bom trabalho na área de justiça e segurança pública”, explicou o ministro nessa segunda.
Ainda que tenha negado um acordo para Moro entrar no STF, a afirmação de Bolsonaro do último domingo teria aumentado o desgaste do ministro, conforme parlamentares. Na ocasião, o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), disse que Jair Bolsonaro “queimou a largada”. “A minha avaliação é que ele queimou a largada simplesmente porque todos nós sabemos que a pessoa com maior capacidade, tanto jurídica quanto moral, para ter essa indicação é o Sergio Moro”, disse Olimpio. “Acabou sendo contraproducente. O meu amigo Bolsonaro, no afã de valorizar o Sergio Moro, acabou o expondo, nesse momento, desnecessariamente”, afirmou o líder do partido do presidente no Senado.
Pelas regras atuais, Bolsonaro terá de indicar um nome para o STF em novembro do ano que vem, quando o ministro Celso de Mello completa 75 anos de idade e deverá se aposentar compulsoriamente. A indicação precisa passar pelo Senado antes de ser confirmada.