Henrique Constantino citou o presidente da Câmara como um dos envolvidos em esquema de vantagens obtidas por meio de associação do setor aéreo
As menções ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na delação premiada do empresário Henrique Constantino podem fazer com que o caso seja desmembrado e transferido, em parte, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Foi o que publicou, nessa terça, o jornal O Estado de S.Paulo.
Na decisão, o juiz titular da 10ª Vara Criminal da Justiça Federal do Distrito Federal, Vallisney Oliveira, não discorreu sobre o foro competente para apreciar o anexo em que o delator narra “benefícios financeiros a parlamentares ou ex-parlamentares por meio da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear)”.
Sócio da companhia aérea Gol, Constantino citou o presidente da Câmara como um dos envolvidos em vantagens supostamente obtidas por meio da Abear. A reportagem do Estadão tentou ouvir a defesa de Maia, mas não obteve reposta, até a noite de ontem.
Na delação, o empresário também citou supostos pagamentos para obter benefícios na liberação de recursos do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), usado para financiar obras de infraestrutura. Constantino é um dos réus na ação penal aberta pela 10ª Vara Federal em Brasília sobre o caso.
No acordo, o empresário se comprometeu a devolver cerca de R$ 70 milhões, dez vezes a quantia supostamente paga de propina. Nos depoimentos, ele também citou o ex-ministro Geddel Vieira Lima e os ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, investigados pelos supostos desvios no fundo durante as operações Sépsis e Cui Bono, da Polícia Federal (PF).
O ex-presidente Michel Temer também é citado pelo delator. Constantino relatou que participou de uma reunião, em julho de 2012, com Cunha, Henrique Alves e o então vice-presidente, Michel Temer. De acordo com ele, o grupo pediu R$ 10 milhões em troca de atuação ilícita em favor da empresa Via Rondon, concessionária de rodovias pertencente ao empresário.