Madrasta de Bernardo Boldrini foi a primeira depor nesta quinta-feira
O quarto dia de julgamento do Caso Bernardo, em Três Passos, foi marcado por um dos depoimentos mais aguardados: o da madrasta do menino, Graciele Ugulini. Nesta quinta-feira, em pouco menos de duas horas, ela relatou como era o relacionamento com o menino e, chorando praticamente todo o tempo, ela alegou que a morte do menino foi um acidente. Ela também inocentou o pai de Bernardo, Leandro Boldrini, como já era esperado. Além disso, amenizou o envolvimento da amiga Edelvânia Wirganovicz, dizendo que ela pediu para levá-lo a um hospital, e disse ter conhecido o irmão dela, Evandro, apenas essa semana, durante o julgamento. Os quatro são acusados de envolvimento na morte de Bernardo, de 11 anos, há quase cinco anos.
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Ao se apresentar, Graciele, de 41 anos, afirmou que “a maioria dos fatos são verdadeiros”. Contou que, no início, o relacionamento com o menino era como de um “filho”. Disse que “percebia a carência do Bernardo”. “Eu amava ele como meu filho” e que as coisas mudaram após a gravidez. Chorando, disse ter sofrido um aborto espontâneo antes e isso mudou a sua vida. Ela relatou o excesso de trabalho no hospital que Leandro tinha na época e, que a sua gravidez, foi de risco. Graciele revelou que por isso passou a dar total a atenção à gravidez e que ela não conseguia dar atenção que o “Bernardo precisava”, o que gerou brigas. Recordou que a tensão aumentou após o nascimento da filha, Maria. “Todo o meu amor foi para ela”, disse, em relação à filha recém-nascida. Ela afirmou ter ficado sobrecarregada com a situação. “Estava doente, no fundo do poço”.
A morte do menino
Ao falar sobre o dia da morte de Bernardo, Graciele narrou que se dirigiu até Frederico Westphalen para encontrar uma amiga e comprar algumas coisas. Nessa ocasião, segundo ela, o menino teria pedido para ir junto. Graciele disse ainda que Bernardo tomou remédios durante a viagem. “De repente eu olhei, ele tava recostado e babando. Aí levantei a camiseta dele e vi que não tinha movimento respiratório”, afirmou Graciele, atribuindo ao próprio Bernardo a ingestão do medicamento. “As pessoas vão achar que eu dei remédio de propósito, em função de a gente brigar e não se dar bem”. Segundo a testemunha, ela teria dito a Edelvânia que era necessário enterrar o corpo de Bernardo. Ainda conforme ela, Edelvânia sinalizou o local e lembrou que tinha medo de contar para Leandro o que ocorreu.
Graciele negou que tenha aplicado uma injeção letal em Bernardo. “Eu como enfermeira fiz um juramento de preservar a vida em todo e qualquer momento. Eu não sou esse monstro que a imprensa sensacionalista criou”, disse. Ao contrário dessa quarta-feira, a movimentação foi mais intensa do lado de fora do Fórum de Três Passos, mesmo antes do início da sessão. O salão do júri ficou lotado.
Correio do Povo