Empresária Juçara Petry chegou a chorar enquanto descrevia convivência com menino
No início do seu depoimento, Juçara Petry relatou como era a rotina com Bernardo, em resposta ao questionamento da juíza Sucilene Engler. Ela disse que o menino chegava a passar várias noites em sua casa, principalmente aos finais de semana. “Tinha que dar banho nele, cortar unha”, comentou. Contou também que, em diversas oportunidades, tentou conversar com Graciele Ugulini, madrasta do menino, sobre falta de cuidados com que ele se encontrava.
“Ele não gostava da Kelly (apelido de Graciele), só que o Boldrini (Leandro, pai da vítima) via e não fazia nada”, afirmou a testemunha. Ainda falou que, se Bernardo não se interessasse pela ida a Frederico Westphalen, não iria com Graciele. Uma das qualificadoras do crime de homicídio apontada aos réus pela acusação é a dissimulação, porque o menino teria sido levado para o local de sua execução com a justificativa de que realizaria atividade de seu agrado.
Juçara contou que ficou sabendo de quando Bernardo procurou o Ministério Público para relatar o que passava em casa – na ocasião, ele chegou a indicar a família Petry para adotá-lo -, por que ele próprio perguntou à ela como poderia fazer para falar com a Justiça. A testemunha, no entanto, disse que jamais imaginou que ele estava procurando por socorro. Ela ainda relatou que sua postura sempre foi de tentar incentivar que o menino a se aproximar do pai. Seu marido Carlos Petry, inclusive, marcou uma consulta no consultório de Boldrini para falar da situação.
No depoimento, a “mãe” afetiva contou um episódio em que Bernardo ficou na sua casa e se machucou com o aparelho dentário que utilizava e explicou a manifestação da madrasta ao ser informada. “Ele que se vire, que estoure essa boca dele”, teria dito Graciele. Já o pai, Leandro Boldrini, conforme Juçara, não atendia o telefone. Na sua fala, a empresária também disse que ela e o marido, Carlos Petry, ajudavam Bernardo a fazer os temas da escola quando ele ficava em sua casa. Segundo ela, um dia o menino disse que errou a tabuada de propósito para continuar a ser ajudado. Ao comentar esse caso, Juçara começou a chorar. “O Bernardo era uma pessoa franzina, meiga, honesta, porque se tu dava R$ 5 para ele comprar um lanche, ele comprava e trazia o troco”, descreveu Juçara.