Conselho de Controle de Atividades Financeiras apontou movimentação de R$ 1,2 milhão na conta do ex-motorista
Ex-assessor do meu filho é quem tem que explicar os depósitos, diz Bolsonaro | Foto: Tânia Regô / Agência Brasil / Divulgação / CP
Com informações do R7
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou neste domingo, que Fabrício Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro, é quem dará as explicações sobre os depósitos que foram feitos em sua conta. Disse, ainda, que não conversou com o ex-assessor do filho sobre o caso. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação financeira atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária do ex-motorista de Flávio.
Houve depósitos feitos, inclusive, por outros assessores do gabinete. “Um dos assessores repassou R$ 800 (ao Queiroz). Outro R$ 1.500. Duas passaram valor idêntico, não sei nem o que é isso, R$ 2.300. Os três repasses… Repasses não, os depósitos mais altos foram as filhas e as esposas (que fizeram)”, afirmou Bolsonaro aos jornalistas na porta de sua casa, no Rio.
O Coaf indicou que a conta de Queiroz recebeu diversos depósitos, incompatíveis, a princípio, com sua renda. Um cheque de R$ 24 mil foi emitido por Queiroz para Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. Ao ser questionado se enxergava com “naturalidade” os depósitos feitos na conta de Queiroz, o futuro presidente disse que o ex-assessor é quem tem as respostas.
“Ele tem que explicar. Pode ser e pode não ser”, disse Bolsonaro, sem especificar se estava se referindo a alguma irregularidade específica. “Das três pessoas que repassaram mais de R$ 4 mil ao longo de um ano, duas eram filhas e uma, esposa. Um repassou R$ 800. Não repassou, botou na conta dele. R$ 800 reais é repasse ao longo de um ano? Pelo amor de Deus”, afirmou aos jornalistas ao retornar de um breve passeio, no qual sacou dinheiro numa agência bancária e parou num quiosque na beira da praia.
Briga
Bolsonaro comentou ainda a disputa entre parlamentares do PSL que se tornou pública nos últimos dias. Segundo ele, trata-se de algo pontual dentro da bancada, que deve ser a segunda maior da Câmara, atrás apenas do PT. “Tem três ou quatro deputados que estão se digladiando. O resto, 90%, sem problemas”, afirmou.
Mensagens de WhatsApp expuseram desavenças entre seu filho, Eduardo Bolsonaro, que foi reeleito deputado federal, o futuro senador Major Olímpio e a deputada eleita Joice Hasselmann. Bolsonaro afirmou também que deve adiar sua cirurgia, que estava prevista para o dia 19 de janeiro. Isso porque ele pretende comparecer ao Fórum de Davos, que ocorrer entre os dias 22 e 25 de janeiro. Não há ainda nova data definida.
Segundo o futuro presidente, o assunto será discutido na próxima quinta-feira com seus médicos em São Paulo. “Vamos estudar uma nova data. Precisamos de um calendário”, disse. Medidas Na avaliação de Bolsonaro, a transição está indo bem e os grupos temáticos que trabalham em Brasília estão tendo independência para
atuar.
“Política tem novidade a todo instante. A gente tenta apagar fogo”, afirmou, referindo-se às primeiras articulações de seu grupo político em Brasília. Sobre medidas a serem anunciadas, ele voltou a falar no sistema eleitoral, bandeira levantada por ele durante a campanha. “Não é mudança no sistema eleitoral. Queremos um sistema de votação que possa ser auditado. (Vamos enviar) Um projeto de lei modificando um pouquinho”, afirmou.
Simpatizantes
Neste domingo, na portaria do condomínio, alguns simpatizantes não conseguiram ver o presidente eleito porque os vidros do carro estavam fechados com a proteção de uma película escura, que impedia enxergar quem estava em seu interior. As irmãs Maria Dalva Serpa Fontana, de 73 anos, e Maria Iolanda Serpa Buchele, de 79 anos, são da cidade de Porto Belo, em Santa Catarina e aproveitaram a visita ao Rio para tentar ver o presidente eleito. “É o dia que a gente vem. Na outra não consegui nada, mas estou com esperança”, disse a aposentada Maria Dalva. “A minha irmã avisou que ele estava vindo, mas foi tão rápido que não deu nem para pegar o celular e tirar foto”, acrescentou.
Correio do Povo