Espera por mim
Sei que na caminhada, muitas vezes alguns ficam para trás.
Às vezes eu apressei o passo e esqueci de que havia gente que me seguia – uns com alguma dificuldade.
Sei que muitas vezes também a dificuldade de caminhar foi minha.
Ora foi o meu cansaço, ora a minha falta de coragem.
Tantas vezes perdi a fé entre os buracos da estrada e ali fiquei, para reencontrá-la, justamente onde eu a havia deixado cair.
Sei que acelerei demais as minhas passadas e que no asfalto os pés não deixaram pegadas, mas mesmo assim eu segui sem me preocupar demais com quem seguia ao meu lado.
Mas onde estava a água que eu não carregava?
Onde estava o mapa?
onde estavam os alimentos?
Comigo havia apenas eu e a minha liberdade de seguir, mas eu me esquecia de que ninguém estava só naquela caminhada.
Onde estava você, que tanto me era cara e que eu deixei para trás?
E voltei no escuro, correndo com tamanho desespero, ignorando que me distanciava do meu ponto de chegada, meramente porquê chegar sozinho nada significa.
Não foi por isso que comecei a caminhar e não vai ser por isso que irei parar de voltar até que encontre os meus motivos.
E para trás não deixarei nada nem ninguém.
E sendo eu ou sendo você, um espera pelo outro
– você espera por mim, pois assim deve ser a caminhada até que ela termine.
Me perdoe se na pressa de chegar eu esqueci o que mais importava.
Me perdoe por ter sido tão veloz que me tornei descuidado e imprudente.
Boa segunda
Marcelo Etiene.
