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quarta-feira 27 novembro 2024
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Ruptura foi articulada a partir de 2014

Afastamento gradual do governo Dilma foi promovido por Temer e pelo PMDB em episódios emblemáticos

Temer e Dilma concorreram lado a lado por duas vezes | Foto: CP Memória

                                  Foto: CP Memória
Desde a reeleição da chapa Dilma-Temer, em 2014, o então vice-presidente e o PMDB articularam uma espécie de “afastamento gradual” da presidente Dilma Rousseff. Aliada a uma sucessão de erros de Dilma, a estratégia deixou Temer à margem das acusações que motivaram o pedido de impeachment ou de outras suspeitas, e, ao mesmo tempo, o fortaleceram.
Os indicativos de que o vice se movimentava em frentes distintas surgiram ainda no final de 2014, quando ele incentivou a candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara e seus aliados próximos trabalharam por ela, mesmo sabendo que Cunha seria um problema para Dilma. Eleito, Cunha impôs derrotas em série ao governo na Câmara. Ante o desgaste, Dilma “fritou” o gaúcho Pepe Vargas, que comandava a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela interlocução com o Congresso e os partidos. Ofereceu o cargo a Eliseu Padilha, um dos peemedebistas mais chegados a Temer. Padilha refutou a oferta e Temer agregou as funções da pasta. Padilha, então, assumiu a Secretaria da Aviação Civil.
Nos meses seguintes, o governo conseguiu aprovar algumas propostas, mas a relação com o Congresso não melhorou, aumentando as suspeitas sobre o “jogo duplo”. No início de agosto, após reunião com ministros e líderes da base, Temer diz publicamente que o país precisava de alguém capaz de reunificá-lo, o que foi considerado um ataque a Dilma. No final do mês, ele deixa o “varejo” da articulação política, repassando-o a Padilha que, na prática, não se movimenta. Ainda em agosto, palestrando a apoiadores do impeachment, Temer declara que Dilma dificilmente resiste até o final do mandato com a popularidade baixa, piorando a situação.
Em outubro, em manobra que se mostra inútil, Dilma dá o sétimo ministério ao PMDB. Em 2 de dezembro, Cunha aceita o pedido de impeachment da petista. Na sequência, Padilha deixa o governo e Temer escreve uma carta “em caráter privado” a Dilma, recheada de queixas. Peemedebistas próximos a ele vazam a carta à imprensa e depois acusam o Planalto. O texto virou motivo de piada na imprensa e na Internet, mas, no jogo político, sinalizou posições para adversários do governo.
Em março, o PMDB abandona o governo, mas só um dos ministros entrega o cargo. Em 11 de abril, novo lance. Argumentando um engano, a assessoria de Temer vaza áudio no qual ele fala como se Dilma já estivesse afastada, dirigindo-se ao povo brasileiro. O público desaprovou a ação, mas o alvo não era a opinião pública. O objetivo era influenciar parlamentares pela aprovação do impeachment na Câmara. Dilma passa a chamar Temer publicamente de conspirador e golpista. Na noite da aprovação do impeachment na Câmara, a assessoria de Temer divulga foto dele acompanhando a votação, e rindo abertamente.
Correio do Povo



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