Instituição tem cerca de 150 anos
Foram derrubados os pilares que sustentavam a marquise | Foto: Eliseu Camargo / Divulgação / CP
A igreja Imaculada Conceição – a três quilômetros da área urbana de Faxinalzinho, no Norte gaúcho – foi depredada neste sábado. A instituição fica no Povoado Votouro, onde também está situado o Acampamento Indígena Kandóia.
Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Município de Faxinalzinho, Ido Marcon, foram derrubados os pilares que sustentavam a marquise na entrada da igreja e quebradas várias vidraças. Com os pilares quebrados, a marquise caiu e quebrou a porta de entrada.
De acordo com Ido Marcon, o presidente da diretoria da igreja, João Brandalise, providenciou a colocação provisória de tábuas no lugar da porta de entrada da igreja. O padre Miro Serraglio de Benjamin Constant do Sul, que atende a igreja, teria se deslocado até o local e recolhido o ostensório (peça para expor solenemente a hóstia) e outras objetos. A igreja tem cerca de 150 anos.
Segundo Marcon, ninguém teria presenciado quem foram os autores da depredação, notada quando o dia amanheceu. A Brigada Militar (BM) de Faxinalzinho disse que foi informada sobre o fato entre 10h e 11h e confirmou que também ninguém soube informar que horas aconteceram os atos e quem foi ou foram os supostos autores da depredação contra a igreja. A BM de Faxinalzinho informou o caso ao 13º BPM com sede em Erechim.
O padre Antônio Miro Serraglio confirmou sábado à noite que falou pessoalmente com o cacique do Acampamento Kandóia, Deoclides de Paula, que teria lhe dito que os pilares da igreja caíram por causa do excesso de chuva. Ainda de acordo com o padre, a diretoria da comunidade acredita que essa possibilidade é remota porque havia três pilares em boas condições para sustentação da marquise.
Ainda de acordo com o sacerdote, no sábado da semana passada um indígena da Reserva do Votouro, com sede em Benjamin Constant do Sul, e que fica a 10 quilômetros do Acampamento Kandóia, atingiu um dos pilares da igreja depredada. “Ele teria dado um ré com seu carro e atingiu um pilar”, disse o padre. Ainda conforme o sacerdote, o indígena que dirigia o veículo foi colocado em prisão pelo próprio cacique por cinco dias na reserva. A informação foi repassada pelo cacique da Reserva do Votouro, Eliseu de Garcia. Todas as cerimônias religiosas na igreja Imaculada Conceição, perto do Acampamento Kandóia, estão suspensas por tempo indeterminado.
Acampamento indígena
Na comunidade do Votouro existe um Acampamento Indígena (Kandóia) com cerca de 170 caingangues. No local também residem agricultores. Em abril do ano passado, os ânimos se acirraram entre índios e agricultores, quando no dia 28 daquele mês, dois agricultores, os irmãos Alcemar e Anderson de Souza foram assassinados supostamente por indígenas do Kandóia.
Em maio, cinco indígenas foram presos pela Polícia Federal (PF) e acusados de participação na morte dos irmãos Souza. Em junho, os indígenas foram soltos pela justiça. Em novembro, a PF voltou ao acampamento para recolher material genético de indígenas para comparar ao que foi encontrado nas roupas dos dois irmãos agricultores mortos, dando prosseguimento às investigações. Desde então o clima tem sido calmo na comunidade e no município.
Fonte Correio do Povo
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