Objetivo é que o ex-diretor da Petrobras continue com a atividade para ocultar o seu patrimônio
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil / CP Memória
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, decretou nova prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Segundo o juiz, Cerveró deve continuar preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para evitar que ele continue em “atividade delitiva específica” para ocultar seu patrimônio.
Na decisão, o juiz afirma que o ex-diretor continua praticando crimes de lavagem de dinheiro mesmo após a deflagração da Lava Jato, no ano passado. De acordo com Moro, a transferência de apartamentos para os filhos mostra que Cerveró tenta ocultar a origem dos bens. O juiz cita um apartamento no Rio de Janeiro que está em nome de uma empresa offshore (fora do país e sem identificação de proprietário), que pertenceria ao ex-diretor.
“Outro fato relevante, em apuração, diz respeito à ocupação por Nestor Cerveró, a título de aluguel, entre 2010 a 2014, de imóvel avaliado em 7,5 milhões de reais, no Rio de Janeiro, e pertencente à empresa Jolmey do Brasil Administradora de Bens, empresa subsidiária da offshore Jolmey Sociedad Anônima, offshore uruguaia. O imóvel em questão foi adquirido pela Jolmey em 03/04/2009, após o período dos crimes imputados a Nestor Cerveró. Há indícios veementes de que a locação seria simulada, pois a empresa em questão e a própria offshore pertenceriam de fato a Cerveró”, diz o juiz.
Para justificar a manutenção da prisão, Moro também afirmou que parte do patrimônio mantido em segredo, as tentativas de se desfazer dos bens e dupla nacionalidade (brasileira e espanhola) impedem que a prisão de Cerveró seja substituída por outras medidas.
“Nesse contexto, a dissipação do patrimônio pode ser valorada não só como tentativa de preservar seu patrimônio em detrimento ao sequestro, mas também como passo preparatório de uma futura fuga, deixando a Justiça criminal no pior dos mundos, sem o corpo e sem os bens do acusado. Aqui não se trata de presunção de fuga, mas prognóstico de risco baseado em fatos concretos, a dissipação e ocultação do patrimônio aliada à dupla nacionalidade e a ocultação desta condição”, justificou.
Cerveró está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, desde quarta-feira (14), por tentar ocultar seu patrimônio. A prisão ocorreu no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, quando retornava de uma viagem à Espanha e à Inglaterra, previamente comunicada ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro, Cerveró sacou R$ 500 mil de um fundo de previdência privada e transferiu o valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco de que perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia transferido imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na interpretação do MPF, o ex-diretor tentou blindar seu patrimônio. Por isso, a prisão foi requerida e decretada pelo juiz Sérgio Moro.
Fonte Correio do Povo.