Se non è vero è bene trovato
Uma caçada diferente
Nos anos sessenta quando meus avós paternos moravam em Palmeira das Missões íamos com frequência almoçar com eles no domingo, mas esta história não é sobre eles e sim sobre a viagem até lá.
Íamos os 4 filhos o pai e a mãe num Simca Chambord vermelho e branco enfeitado com um pelego rosa no vidro traseiro.
Palmeira ficava a uns 60 km de Sarandi e levávamos mais ou menos 2 h para fazer este percurso em uma estrada de chão batido e terra vermelha, subindo e descendo coxilhas através dos campos nativos, plantações de trigo e ainda muita mata virgem.
Comendo poeira, tirando fininho dos barrancos e atolando nos dias de chuva. Emoção garantida !
Na época o pai, como todo bom descendente de italianos, gostava muito de caçar e por isso viajava sempre com a espingarda entre a porta e o banco do motorista e quando via algum pequeno animal selvagem pegava a dita espingarda e disparava pela janela do carro, podia ser uma lebre, uma perdiz, um tatu ou mesmo uma galinha perdida.
Neste meio tempo a mãe era encarregada de segurar o ” guidon” e manter o carro na estrada enquanto nós quatro gritávamos num misto de emoção e “paura”, embora o pai pedisse silêncio para não assustar a presa o pedido não surtia efeito pois a expectativa era grande e a mãe uma péssima motorista.
Se ele tivesse sorte, a mira fosse boa e a mãe não atrapalhasse o tiro com uma manobra brusca estava garantido um almoço exótico com a carne da caça, enriquecida com polenta e raditi preparados pela vó, uma cozinheira “de mão cheia”.
Contando hoje parece que éramos uma família mais selvagem que os próprios animaizinhos, mas na época a italianada gostava muito de caçar e os animais eram abundantes.
Ainda não se falava de ecologia, extinção e meio-ambiente. A soja não havia invadido os campos e matas nativas. Não havia a mínima consciência dos futuros problemas ambientais.
Era somente um hobby e muito saboroso.
Viviane M Foresti