Se non è vero è bene trovato
Minha filha, cuidado com a régua
Minha adolescência se passou nos anos 70, época da revolução feminina, dos hippies, da paz e amor , só que em minha cidade natal isso só era visto no cinema ou na revista Manchete, quase uma utopia.
Com a revolução sexual andando a galope no mundo na minha casa andava a passos de tartaruga.
Bem, eu quero mesmo é contar, é como foi minha primeira conversa instrutiva com minha mãe, talvez com 12/13 anos, antes de ir a minha primeira reunião dançante.
Um dia, com toda a psicologia italiana, ela me chamou na biblioteca, fechou a porta e enquanto eu estava esperando por uma bronca qualquer, ela começou a discursar sobre os fatos da vida e como deveria me comportar quando fosse “tirada” para dançar. Sim, tirada para dançar, nada mais machista que isso, mas enfim, assim era a vida e nem sequer podíamos questionar ou recusar.
A recomendação básica era para não dançar de rosto colado e muito menos de corpo colado, pois isso poderia deixar os homens loucos e incontroláveis e nós com fama de “gavetinhas”. Um terror!
Mas a recomendação mais séria era nunca, nunca mesmo, pegar na “régua” dos guris!
Enquanto ela continuava a falar sobre os truques que eles usariam para me seduzir
eu na minha santa ingenuidade ficava imaginando por que razão um guri levaria uma régua para dançar.
Algum tempo depois, vendo Tom Jones na TV, ainda em preto e branco, no auge das calças boca-de-sino e justíssimas descobri o que significava a tal da régua.
A conversa foi tão absurda que o termo “régua” pegou e é usado até hoje na família grande, até mesmo pela nova geração e acabou virando um bordão familiar .
Cuidado com a régua menina!
Viviane M Foresti
PS:
gavetinha= menina que estava disponível e que todos metiam a mão
régua= pinto, pingolim, pistolino, cacete e por aí afora