Se non è vero è bene trovato
Nonno o “pé-de-valsa”
O fim do luto do Nonno coincidiu com a minha entrada na adolescência, os 15 anos, idade com a qual já poderia “frequentar a sociedade” ou seja já poderia ir aos bailes nos clubes Harmonia, Comercial, Ipiranga e aos kerbs na colônia alemã além das reuniões dançantes nas casas das amigas, obviamente sempre acompanhada por alguém da família.
Parece pouco mas era o máximo que uma menina poderia desejar.
Bailes com mesa reservada na pista de dança, animados por conjuntos famosos no Rio Grande do Sul, como o Impacto e os Caravelles , regados a whisky com guaraná Antarctica, cuba libre e pequenas carteiras de cigarro mentolado de brinde nas mesas, sim cigarro, pois fumar era considerado chique , principalmente para as mulheres e não se poderia imaginar que haveria tanta patrulha nos próximos anos, banindo-o de qualquer ambiente.
Bailes com muita vigilância dos pais para que nenhuma menina dançasse de rosto colado ou chegasse perto da “régua” dos guris e descobrisse os prazeres secretos da vida adulta.
Num tempo em que as mulheres só dançavam se algum incauto as tirasse para dançar sendo então praticamente obrigadas a conceder ao menos uma dança caso contrário o dito cujo poderia sentir-se ofendido com o “carão” e armar um barraco, o Nonno que sempre foi um pé-de-valsa era uma benção já que não deixava nenhuma mulher encalhada na cadeira fosse jovem ou velha, bonita ou feia pois o que ele gostava mesmo era de dançar.
Com ele deslizavámos pelo salão dançando valsas, fazíamos trenzinho ao som da polonaise, girávamos o salão com o puladinho e por fim dançávamos ao som da Jovem Guarda que ele não era de se michar por pouca coisa.
Com ele íamos aos kerbs no Ati- Açu, regados a cuca com linguiça e chopp e dançávamos ao som das bandinhas alemãs.
Era um avô fora dos padrões da época, sempre pronto para uma festa de modo que os namorados e pretendentes da época aprenderam a conquistá-lo e a conviver com este par alegre e conversador ,sempre presente e sempre de olho nas ” benedettas del’ nonno” como nos chamava carinhosamente .
Viviane M Foresti