O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), considerou a Operação Anel de Giges da Polícia Federal (PF), deflagrada na manhã de hoje (28) em Roraima, em que parentes do senador estão entre os investigados, como “retaliação”.
“Recebo essa agressão a mim e a minha família como uma retaliação de uma juíza federal, que, por abuso de autoridade, já responde a processo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ)”, disse, em nota. O senador ainda afirmou que tornará públicos “todos os documentos que demonstrarão a inépcia da operação de hoje”.
O senador qualificou a investigação como “um espalhafatoso capítulo de um desmando que se desenrola nos últimos anos” no país. “Em junho de 2016, foi pedida a prisão de um presidente de um poder, de um ex-presidente da República e de um Senador com base em conjecturas. Em setembro agora, por absoluta inconsistência jurídica, o inquérito foi arquivado. Desproporcional e constrangedor, esse episódio poderia ter sido evitado. Bem como poderia ter sido evitado o de hoje. Bastava às autoridades pedirem os documentos anexados que comprovam que não há nenhum crime cometido”, diz a nota divulgada por Jucá.
O senador destaca que desta vez o alvo foi sua família. “Como pai de família carrego uma justa indignação com os métodos e a falta de razoabilidade. Como senador da República, que respeita o equilíbrio entre os Poderes e o sagrado direito de defesa, me obrigo a, novamente, alertar sobre os excessos e midiatização”.
Jucá disse ainda que ele e nem qualquer membro de sua família temem as investigações conduzidas pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF). “Investigações contra mim já duram mais de 14 anos e não exibiram sequer uma franja de prova. Todos os meus sigilos, bancário, fiscal e contábil já foram quebrados e nenhuma prova. Só conjecturas”.
A Operação Anel de Giges cumpriu, em endereços de Brasília, Boa Vista e Belo Horizonte, 17 mandados judiciais, sendo nove de busca e apreensão e oito de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para a delegacia a fim de prestar depoimento e, em seguida, liberada.
Segundo a PF, “durante a investigação, foi identificado o desvio de R$ 32 milhões dos cofres públicos por meio do superfaturamento na compra da Fazenda Recreio – propriedade localizada em Boa Vista – e na construção do empreendimento Vila Jardim, projeto financiado com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida na capital de Roraima”.
As investigações apontam também indícios de irregularidades na “fiscalização e aprovação do empreendimento por parte de funcionários da Caixa Econômica Federal”. Estão sendo apurados suspeitas de crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo compra a Fazenda Recreio para a construção de imóveis.
A Caixa Econômica Federal, também por meio de nota, disse que as informações sobre o caso “estão sendo repassadas exclusivamente às autoridades competentes” e esclarece que “mantém contato permanente com as autoridades competentes, prestando irrestrita colaboração com as investigações e operações policiais”.
Anel de Giges, nome da operação, segundo a PF, é uma referência à citação em um dos livros da obra A República, de Platão, em que o tema justiça é tratado. “O Anel de Giges permite ao seu portador que fique invisível e cometa ilícitos sem consequências”, de acordo com a PF.