Acordo que beneficiou irmãos Batista pode ser anulado
Janot disse que executivos da JBS omitiram informações na delação premiada | Foto: Fellipe Sampaio / SCO/ STF / CP
*Com informações da Agência Brasil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez um pronunciamento na tarde desta segunda-feira em que revelou que os executivos da JBS omitiram informações na delação premiada. A declaração ocorre após a Procuradoria Geral da República ter tido acessos a gravações de diálogos de dois colaboradores na última semana.
As conversas, de acordo com Janot, têm ligação com Marcelo Miller, ex-procurador, que participava do grupo de trabalho da Lava Jato até março deste ano e passou a trabalhar no escritório de advocacia que registrou os termos de leniência do grupo JBS com a PGR.
Janot esclareceu que caso sejam comprovadas irregularidades no acordo os irmãos Joesley e Wesley Batista podem perder os benefícios da delação. O procurador sustentou, porém, as provas apresentadas seguem valendo. “Conforme a lei, se a culpa for do interlocutor gerar a rescisão do acordo, ele perde todos ou alguns dos benefícios e o Estado aproveita todas as provas apresentadas”, sustentou.
Suspeito “com foro” do STF
Janot explicou que um áudio entregue pelos advogados da JBS narra supostos crimes que teriam sido cometidos por pessoas ligadas à PGR e ao Supremo. A gravação foi entregue, por descuido dos advogados, como uma nova etapa do acordo.
Segundo Janot, um dos suspeitos é o ex-procurador Marcelo Miller, que foi preso na investigação envolvendo a JBS, e uma outro suspeito com “foro privilegiado” no Supremo Tribunal Federal (STF). Os fatos teriam sido omitidos na delação.
Rodrigo Janot também informou que vai pedir ao ministro do Supremo Edson Fachin, responsável pelas investigações da Lava Jato no STF, medidas para avançar na apuração do descumprimento do acordo. Fachin poderá decidir sobre a derrubada do sigilo das gravações.
Miller foi citado por Temer
Marcelo Miller foi citado pelo presidente Michel Temer em pronunciamento no fim de junho, um dia depois de ser denunciado pelo procurador-geral Rodrigo Janot por corrupção passiva. Temer afirmou que o ex-procurador “ganhou milhões em poucos meses” ao deixar o MPF e ir trabalhar “em empresa que faz delação premiada com o procurador-geral”.
Temer, que ressaltou que Miller não passou pela quarentena exigida quando um servidor deixa o órgão, “garantiu ao seu novo patrão um acordo benevolente, uma delação que o tira das garras da Justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista”.
Correio do Povo