Três bombeiros foram ouvidos sobre suspeitas de irregularidades em alvarás
Três bombeiros foram ouvidos sobre suspeitas de irregularidades em alvarás | Foto: João Vilnei/Especial CP
Com informações de Renato Oliveira
Três membros do Corpo de Bombeiros foram ouvidos na tarde desta terça-feira, durante o primeiro julgamento da tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria. As atividades iniciaram pela manhã com a leitura do relatório do inquérito da Polícia Militar ao longo de três horas. Após intervalo, a audiência que durou 11 horas foi retomada pela juíza Viviane de Freitas Pereira e os promotores Joel Oliveira Dutra e César Carlan sustentaram a acusação sobre suspeitas de irregularidades nos alvarás dos Bombeiros emitidos para a casa noturna em 2009 e 2011. Oito membros da corporação são acusados no processo.
Nesta tarde, foram ouvidos o tenente-coronel Moisés da Silva Fuchs, ex-titular do 4º Comando Regional dos Bombeiros; o tenente-coronel da reserva Daniel da Silva Adriano, que chefiava a Seção de Prevenção a Incêndio (SPI) quando ocorreu a concessão do primeiro alvará para a boate; e o capitão Alex da Rocha Camillo, responsável por ter assinado o segundo alvará da Kiss. Os representantes do Ministério Público argumentaram que foram expedidos documentos aos sistemas de Prevenção e Proteção contra Incêndio do estabelecimento sem serem observadas as leis municipal e estadual. Segundo os promotores, o comando da corporação teria sido condescendente com o bombeiro proprietário da empresa que solicitava encaminhamento dos PPCIs, caracterizando ato de prevaricação.
Depois disso, as defesas dos réus tiveram tempo para as argumentações. Werley Alves Filho, defensor dos oficiais Moisés Fuchs e Alex Camilo, destacou que seus clientes não alteraram nenhum documento no que diz respeito à liberação de alvará para a boate. Luiz Carlos Ferreira, advogado do tenente-coronel Daniel da Silva Adriano, afirmou que não existe qualquer indício de falsidade ideológica nos documentos de inspeção e alvará da Kiss.
No último dia de audiência, serão julgados os soldados Gilson Martins Dias e Vagner Guimarães Coelho, que fizeram a última vistoria na boate em 2011; o soldado Marcos Vinicius Lopes Bastide, que inspecionou a Kiss; o sargento Renan Severeo Berleze, que integrava o setor de análise de PPCIs; e o sargento Sergio Roberto Oliveira de Andrade, que atuava na SPI. No fim dos trabalhos, após as apresentações da acusação e da defesa, a juíza e o Conselho de Justiça vão votar e dar a sentença em relação aos oito réus. Ainda caberá recurso ao Tribunal de Justiça Militar do Estado.
Tragédia
O incêndio na boate Kiss – que ficava na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min da madrugada de 27 de janeiro de 2013. Dos jovens que participavam de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), 242 morreram em decorrência do fogo.
Segundo testemunhas, o fogo teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O objeto teria encostado na forração da casa noturna. As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram.
Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimãos usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. A maioria morreu asfixiada dentro dos banheiros ou na parte dos fundos da boate.
Fonte Correio do Povo.