Querem enganar quem?
“Hoje o Rio Grande do Sul chegou ao ponto mais lastimável da sua história.
E não é porque o governo ameaçou parcelar o salário dos servidores ou aprovou uma nova lei de diretrizes orçamentárias com o propósito de não honrar aumentos já estabelecidos em lei.
E não é porque o governo ameaçou parcelar o salário dos servidores ou aprovou uma nova lei de diretrizes orçamentárias com o propósito de não honrar aumentos já estabelecidos em lei.
A ruína de hoje não é pecuária. As dificuldades financeiras do Estado são notórias e antigas.
Os valores que se esgotaram hoje não foram os pecuniários. Findaram-se agora os valores morais de um povo que já tive a honra de defender Brasil afora.
Na tarde de hoje um colega policial civil, no exercício exclusivo de seu dever, ao tentar realizar a prisão de um indivíduo que teria agredido a companheira, foi desarmado e morto pelo marginal.
Isso por si já bastaria pra pintar o céu gaúcho de preto pelo resto do ano. Mas infelizmente atualmente neste país a morte de um policial é apenas mais um caso dentre outros tantos e recorrentes.
Contudo, seguindo sua vocação pioneira, os gauderios mais uma vez inovaram. Não bastasse a morte de um agente do estado que tentava cumprir o seu dever, uma parcela da população da digna cidade de Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre, se pôs a aplaudir a morte do policial.
Ao receber essa notícia a mais de mil quilômetros de distância do meu pampa, pela primeira vez em quase 30 anos de vida eu senti um misto de vergonhas e nojo em ser gaúcho.
Deixo esse pequeno desabafo em homenagem ao herói abatido defendendo essa mesma sociedade que aplaudiu o seu algoz.
Força aos seus familiares e amigos.
Nesta quinta-feira trágica, uma parte de todos os policiais brasileiros, civis e militares, morreu com o herói, infelizmente agora não mais anônimo, Valdeci. E o que nos matou não foram os tiros, mas as palmas.
Delmes Rodrigues Feiten – Delegado de Polícia que hoje agradeceu aos céus por não trabalhar no Rio Grande.”