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segunda-feira 25 novembro 2024
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Vejo que fui um exemplo dessa incontrolável tragédia por Raquel Joana de Oliveira Almeida



Não era difícil escrever sobre violência no trânsito quando era exigência escolar, agora quando fui vítima, sinto tanta dificuldade e ao mesmo tempo obrigada a dizer o que pensava estar longe de mim e de minha família.


 Parafraseio Milton Correa da Costa-Coronel da reserva da PM do Rio de Janeiro e pesquisador em violência urbana-: 


Os mais jovens, que constituem preciosa mão de obra produtiva, deslumbrados pelos encantos da mocidade e da impulsividade natural da juventude, têm sido constantes vítimas da violência no trânsito brasileiro. 


Vejo que fui um exemplo dessa incontrolável tragédia. 



Ainda com dores, ainda com a lembrança daquela luz que veio cada vez mais forte ate eu não conseguir ver mais nada… 


É triste pensar que um jovem quase da minha idade dirigindo em alta velocidade (não sei se era membro das comunidades em redes sociais “JÁ ULTRAPASSEI OS 200 KM POR HORA!”, ou se ele estava sob efeito de alcool ou drogas, ou se esta ainda em processo de formação de personalidade) mas apresentou características próprias do estágio de auto afirmação social: 



impulsividade, desafio ao perigo, espírito competitivo exacerbado, e principalmente irresponsabilidade sem medir as consequências de seus atos, transportou tais características para o volante de um carro. 


Essa possibilidade de demonstração de poder, se não fosse Deus com sua proteção infinita sobre minha família, teria sido fatal e eu não estaria aqui, meus sonhos não estariam aqui. 


Era uma família de um pai e uma mãe jovens com seus 2 filhos jovens cheios de projetos, que teria sido perdida. 


Preciso dizer que pais e responsáveis, antes de presentear seus filhos com possantes carros, deveriam conscientizá-los primeiramente de que o automóvel é um máquina que pode ser mortífera.


“SE NÃO GOSTA DO MODO COMO DIRIJO, MANTENHA-SE FORA DA CALÇADA”, 


deveria ser esse o lema do jovem, que com sua atitude imprudente parecia mesmo já prever o pior, morte, portanto, mais do que anunciada, 


Mais uma família seria destroçada pela tragédia dos acidentes de trajeto, embora não morrendo, ficamos lesionados, traumatizados ate então. 


Comparo esse motorista a uma cena do filme da série ‘Missão Impossível’, onde o ator Tom Cruise, dirigindo um Jaguar, costura, chuleia e prega um botão no trânsito de Dubai, fazendo ultrapassagens miraculosas, tirando finos, quase atropelando uma cáfita de camelos e saindo ileso das peripécias e malabarismos no trânsito.


 Penso na precisão de meu pai na direção, no uso do cinto de segurança e nos airbag que foram vital à nossa sobrevivência e percebo que a guerra no trânsito só terá menos vítimas quando motoristas tiverem amor-próprio suficiente para não precisarem se exibir. 


Ninguém se torna mais admirável por chegar primeiro, por arriscar a vida e protagonizar cenas dignas de um filme de ação. 


Esses continuarão menores que Tom Cruise e sendo meros figurantes de uma viagem que exige bravura, sim, mas de outro tipo. 


A bravura de proteger sua família, de não enxergar os outros como rivais e de ter habilidade para dirigir a própria vida- que exige bem mais que um volante e uma acelerador: 


exige cérebro. 


Concluo com meu grito de basta na irresponsabilidade e de imaturidade ao volante, na condução perigosa de veículo automotor.digo que quanto mais o motorista acelera, mais se atesta sua infantilidade, sua inferioridade e seu despreparo para uma vida consciente e adulta. 


De certa forma, consegui escrever, pois consigo respirar aliviada ao poder abraçar minha família, meus amigos.. 


Sou grata por todas as preocupações, que desde o momento que estava no meio de um mato jogada no chão esperando o SAMU com muita dor, pessoas me falavam palavras de força e tentavam me acalmar, também aos policiais, à toda equipe médica, ali existiu um transito humano e esperança de vida..


Por fim, destaco algo que escrevi la na escola em um de meus textinhos: 


neste contexto de violência sem fim, que há a educação para o trânsito é a estratégia- fiscalizar e punir sempre que for necessário- mais importante para tornar o trânsito uma atividade mais humana e menos violenta.


 Educar para o trânsito é educar para a vida. 



Que a educação de trânsito, em casa e nos currículos escolares, se torne uma realidade nesse país, o quanto antes. 


Sem cultura civilizada no trânsito continuaremos a perder preciosas vidas, eu agradeço pela minha vida e de minha família ter sido poupada e por termos tido um renascer.. porque por enquanto, nossa sociedade continua sendo os recordistas mundiais da barbárie, da irresponsabilidade, do estresse e da imaturidade ao volante.




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