Cúpula da gestão admitiu existência de desconforto com aliados do governo
Redução da máquina administrativa representa desafio para Sartori | Foto: Daniela Barcellos / Palácio Piratini / CP
Antes mesmo do fim da votação do pacote pelo plenário da Assembleia, que ocorrerá na convocação extraordinária em janeiro, deve ter início uma nova etapa interna no governo: a de discussão do realinhamento na composição de espaços. Além da necessidade de readequação de representações, devido ao enxugamento e unificação de secretarias, terão de começar a ser colocadas em prática as mudanças envolvendo também as extinções de órgãos da administração indireta. As reduções na estrutura da máquina administrativa irão representar um desafio extra para o governador José Ivo Sartori na recomposição de forças no Executivo.
Ao comentarem reservadamente a reforma no secretariado, integrantes da cúpula da gestão destacam que o governador José Ivo Sartori não tem perfil para romper com aliados, mesmo os dissidentes, mas admitem que já começaram a ocorrer desconfortos e cobranças por parte de lideranças de partidos que, independentemente da polêmica e do desgaste, apoiaram o pacote. Entre os considerados mais fiéis, estão o PP, o PSB e o PSDB.
Além de compensar os parceiros leais, o governo terá de promover as mudanças para tentar certificar-se do tamanho real da base que terá na Assembleia a partir do ano que vem, fazendo previsão mais certeira dos apoios que terá em relação a outras medidas que virão pela frente, segundo cronograma, provavelmente em março.
As próximas propostas envolvem alterações em carreiras de categorias do funcionalismo, iniciativas de cobrança da dívida ativa e mais enxugamentos, que colocarão em discussão também os papeis de órgãos como o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) e instituições como Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE) e Badesul. Neste último caso, articulações já ocorrem inclusive junto aos estados de Santa Catarina e Paraná, que estaria apresentando resistências.
Postura do PDT é classificada de irresponsável
Integrantes do governo Sartori avaliam internamente como irresponsabilidade da bancada do PDT a postura em relação a propostas do pacote, mencionando inclusive que o partido terá Jairo Jorge como candidato ao Piratini em 2018. “Alguém vai ser governo amanhã. O cenário será delicado e contrário aos que hoje optam em ficar de bem com as galerias da Assembleia”, disse um governista à coluna.
A situação para a próxima administração do Estado, caso a crise não seja minimizada, será ainda mais severa em função do fim do aumento das alíquotas do ICMS, exigência da bancada do PDT à época da votação para dar apoio à iniciativa.
Correio do Povo