A expectativa
Passamos por muitas situações na vida atribulada dos tempos de hoje.
Vemos legiões de pescoços dobrados e rostos iluminados pelas telas de seus telefones, que para tudo servem, menos para o que de fato existem.
E o mundo digitalizou as emoções. As carinhas substituem (…) palavras; fotos instantâneas trocam a necessidade da presença física e alguns áudios captados eternizam respostas e expressões.
Aos poucos vamos todos nos tornando iguais demais.
As respostas, as perguntas, as piadas.
Tudo funcionando da mesma maneira, dando a impressão de que tanto faz se respondemos agora ou daqui há dois dias.
Onde está o verdadeiro “bom dia”?
Não aquele que vem com uma ‘fotinho’ e escrito com letras coloridas e que alguém recebeu de quem já havia recebido de alguém que… etc.
Onde está a vida além dessa pequena prisão de acrílico e plástico, que se não for conectada a fios, em poucas horas é capaz de levar uma pessoa ao desespero?
Ah…
A expectativa de receber uma ligação e a realidade não passar de uma curta mensagem com um coraçãozinho ou carinha é o que torna o móvel estático e o fixo livre.
Não busque a irrealidade, não beije a tela de seu telefone, não abrace a sua tablet.
Não chacoalhe um dispositivo móvel.
Faça o possível para se manter de carne e osso, ou se você nunca foi de verdade, transforme-se.
Boa terça.
Marcelo Etiene