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quinta-feira 21 novembro 2024
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Relatora da CPI do Carf pede indiciamento de 28 pessoas

Senadora Vanessa Grazziotin afirmou que número poderá aumentar até próxima quinta-feira

Grazziotin afirmou que o número de indiciamentos poderá aumentar até a próxima quinta-feira | Foto: Geraldo Magela / Agência Senado / CP

                    Foto: Geraldo Magela / Agência Senado / CP
 Com informaçõpes da Agência Senado

Relatora da CPI do Carf no Senado, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pediu em seu relatório preliminar o indiciamento de pelo menos 28 pessoas à Polícia Federal. Estão na lista ex-conselheiros do órgão, representantes de empresas, servidores públicos, assessores e lobistas, mas poupou ex-ministros e um dos filhos de Lula, além envolvidos no caso da compra de MPs. Em entrevista nesta quinta-feira, após sessão em que apresentou o relatório, Grazziotin afirmou que o número de indiciamentos poderá aumentar até a próxima quinta-feira, quando está prevista a votação do parecer.

O relatório é baseado em quebras de sigilo feitas pela CPI, além do material compartilhado pela Operação Zelotes e aponta a existência de indícios de irregularidades no julgamento de mais de 70 processos envolvendo dívidas de bancos, montadoras de automóveis e siderúrgicas. De acordo com a relatora, julgamentos teriam sido manipulados para favorecer empresas. O esquema pode ter resultado em prejuízo de R$ 19 bilhões à Receita.

“Ganhava a empresa corruptora, que via os débitos tributários serem reduzidos a pó. Ganhavam os conselheiros corruptos, que aumentavam seu patrimônio. E ganhavam também os intermediários, cujas empresas de “consultoria” gerenciavam somas vultosas. Só quem perdia era a população brasileira: bilhões de reais que deveriam ser pagos a título de tributos, e que poderiam inclusive equilibrar as contas públicas nunca sequer foram recolhidos”,  apontou a relatora.

Indiciamentos

Os pedidos de indiciamento incluem pessoas que já são alvo da Operação Zelotes, da Polícia Federal, como Paulo Ferraz, ex-presidente da Mitsubishi no Brasil. A relatora aponta o caso Mitsubishi como o mais representativo das fraudes. A empresa teria sido favorecida em julgamento que fez despencar a dívida com o Fisco – de R$ 266 milhões para R$ 960 mil.

“A Mitsubishi Motors Corporation (MMC) ter-se-ia favorecido do tráfico de influência exercido pelas empresas de consultoria e advocacia que, comumente, eram contratadas pelos devedores. Esses escritórios são compostos, em regra, por conselheiros do Carf ou por lobistas com forte influência dentro do Conselho”, aponta a relatora no documento.

Entre os pedidos de indiciamento está ainda o nome de Mauro Marcondes Machado, que atuaria como intermediário entre a Mitsubishi e o grupo comandado por José Ricardo, ex-vice-presidente do Carf. A senadora também pede o indiciamento de Juliano Nardes, sobrinho do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, por suspeita de recebimento de recursos de propina pagos por empresas investigadas no esquema.

Dificuldades

O presidente da CPI do Carf, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), disse que as investigações no colegiado não avançaram tanto quanto gostaria. O trabalho da comissão – iniciado em maio – ficou prejudicado pela falta de colaboração dos convocados, disse ele. Muitos apresentaram habeas corpus para permanecerem em silêncio diante dos senadores. A falta de tempo também atrapalhou, apontou Ataídes. Em seis meses, apenas o representante de uma das dezenas de empresas suspeitas de pagar propina em troca de anulação de suas multas no Carf foi ouvido.

Para Ataídes, o principal legado do trabalho da CPI, que se encerra com a votação do relatório final, é sugerir mudanças na legislação. Uma das propostas (PEC 112/2015) é determinar a escolha de conselheiros por concurso. O senador avalia que a medida vai ajudar a evitar as compras de resultado de julgamentos no órgão. “O Carf era uma porteira aberta para a corrupção”,  disse o presidente da CPI.

Recomendações

O documento recomenda também que a Comissão de Juristas da Desburocratização atualize o Código Tributário Nacional e o Código de Processo Administrativo Tributário. Pede ainda que o Poder Executivo promova alterações na composição e nas atribuições do Carf.

“Existem muitas interrogações sobre o futuro do Carf. Caberá à Polícia Federal e ao Ministério Público aprofundar as investigações e dar prosseguimento aos detalhes descobertos ao longo da CPI, especialmente por intermédio de quebras de sigilo bancário e fiscal e da colheita de depoimentos que ajudaram a entender melhor o funcionamento das quadrilhas que assaltaram o Carf”,  apontou Vanessa.
Correio do Povo



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