Cantor e ator acabara de lançar disco novo
11/01/2016 – 5:46 – Marcelo Forlani
O lendário cantor David Bowie morreu aos 69 anos de idade, vítima de câncer.
O anúncio oficial foi feito nas redes sociais do próprio cantor, que sempre trabalhou sua carreira online e acabara de lançar seu 25º álbum, Black Star, no último dia 8 de janeiro, data de seu aniversário.
“David Bowie morreu em paz hoje, cercado por sua família depois de uma corajosa batalha de 18 meses contra o câncer. Enquanto muitos vão dividir a dor pela sua perda, pedimos que vocês respeitem a privacidade da família neste período de luto”, informou o comunicado oficial.
O diretor Duncan Jones (Warcraft, Lunar), filho de Bowie, também se pronunciou no Twitter. “Muito triste em dizer que é verdade. Ficarei offline por um tempo. Amor para todos“, escreveu.
David Bowie nasceu David Robert Jones, em 8 de janeiro de 1947, em Brixton, bairro de Londres, na Inglaterra. Conhecido também como “Camaleão do Rock”, Bowie adotou o sobrenome artístico para evitar confusões com o Davy Jones, do grupo The Monkees, que estourou em 1966. Em seus mais de 40 anos de carreira se tornou um dos artistas mais respeitados, passando por gêneros que vão do glam rock ao art rock, soul, hard rock, dance pop, punk e música eletrônica.
Seu primeiro grande sucesso aconteceu em 1969, com o single “Space Odity”. Após um período de três anos de experimentação, que incluem a realização de dois significativos e influentes álbuns, The Man Who Sold the World (1970) e Hunky Dory (1971), ele retorna em 1972 durante a era glam rock com um alter ego extravagante e andrógino chamado Ziggy Stardust, inspirado no Kabuki japonês e o Mod britânico, e o aclamado álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars. Seu impacto na época foi um dos maiores cultos já criados na cultura popular. Em 1973, o disco Aladdin Sane levou Ziggy aos EUA. A vida curta da persona revelaria apenas uma das muitas facetas de uma carreira marcada pela reinvenção contínua, pela inovação musical e pela apresentação visual.
Em 1974, o álbum Diamond Dogs previa, com seu som e sua temática caótica, a revolução punk que surgiria anos depois. Em 1975, Bowie finalmente conseguiu seu primeiro grande sucesso em território americano com a canção “Fame”, em co-autoria com John Lennon, do álbum Young Americans. O som constitui uma mudança radical no estilo que, inicialmente, alienou muitos de seus devotos no Reino Unido. Nessa etapa, a carreira musical de Bowie se renovou e seguiu novos rumos. Após a criação de uma nova persona, Thin White Duke, apresentada no aclamado Station to Station (1976), que traz um Bowie interessado em misticismo, Cabala e Nazismo, ele confundiu as expectativas de seu público americano e de sua gravadora com a produção do minimalista Low (1977) – a primeira das três colaborações com Brian Eno durante os próximos dois anos. A chamada “Trilogia de Berlim” (com Heroes e Lodger) trouxe álbuns introspectivos que lograram o topo nas paradas britânicas e que ganharam admiração crítica duradoura.
Seguindo o sucesso comercial irregular no final dos anos 70, a canção “Ashes to Ashes”, do álbum de 1980 Scary Monsters (and Super Creeps) alcançou o primeiro lugar no Reino Unido e lançou bases para um novo movimento chamado New Romanticism. No ano seguinte, junto à banda Queen, escreveu e cantou a canção “Under Pressure” e em seguida atingiu novo pico comercial com o álbum Let’s Dance (1983), que rendeu sucessos com a canção homônima e o fez cativar nova audiência.
Ao longo dos anos 1990 e 2000, Bowie continuou a experimentar novos estilos musicais, incluindo os gêneros industrial, drum and bass, e adult contemporary. Seu último álbum de inéditas foi por muito tempo Reality, uma mistura de melancolia e humor, suportado pela A Reality Tour de 2003–2004. Após um período de quase dez anos em hiato, anuncia The Next Day pelo Facebook e pelo seu novo website. Este albúm teve três indicações ao Grammy (Melhor performance de rock ‘Stars Are Out Tonight), Melhor Conteúdo Extra (The Next Day Extra) e melhor albúm de rock.
A influência de David Bowie é única, musical e socialmente. Como escreveu o biógrafo David Buckley, “ele penetrou e modificou mais vidas do que qualquer outra figura comparável.” De fato, grande é sua influência no mundo da música entre artistas e bandas mais antigas e a nova geração, e, além de ter auxiliado movimentos como a libertação gay e a recriação de uma nova juventude independente, introduziu novos modos de se vestir na cena musical e tem uma carreira prestigiada no cinema.
No ano de 1976 participou de O Homem de Caiu na Terra, de Nicolas Roeg. Bowie também estrelou no último filme de Marlene Dietrich, Apenas um Gigolô (1978). Interpretando um prisioneiro da Segunda Guerra Mundial, ele participou de Furyo, Em Nome da Honra (1983), no mesmo ano em que contracenou com Catherine Deneuve emFome de Viver. Em 1988 fez Poncius Pilatos em A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese. Já na década seguinte foi Andy Warhol na cinebiografia Basquiat (1996) e em 2006 fez o também genial Nikola Tesla, em O Grande Truque, de Christopher Nolan. Mas seu papel mais conhecido no cinema deve ser como o Rei Goblin, ao lado de umaJennifer Connelly novinha, em Labirinto (1986), de Jim Henson.