MEMÓRIAS DE SARANDI 30
Época: Década de 1960
Humberto Tesser Paris
Depois de eu ter escrito sobre o meu irmão Nino, conto esta história que tem relação com ele. Em princípio eu não pretendia contá-la, mas me disseram que eu devia. Isto aconteceu a quase 60 anos atrás, na época que a avenida Expedicionário ainda não era calçada do lado esquerdo que vai da praça Farroupilha (antigo banhado) até a esquina antes do antigo Colégio das Freiras. A partir daí não havia canteiro no meio e ainda havia grama em alguns pontos dela. Logo além se bifurcava: a direita passava pelas casas dos Pinguelo, Zini e ia dar no mato do Cótica e reto, subindo a lomba, passava pela casa dos Frozza, Ortolan, Coli, …
UM GRANDE AMIGO
Eu tinha por volta de 6/7 anos de idade e estava com meus amigos naquele trecho da avenida Expedicionário em que não havia canteiro no meio, próximo as freiras, quando o Bepino Frozza, que vinha de bicicleta, parou pra conversar comigo. Acho que ele tinha entre 15/16 anos. Eu o conhecia de vista e nunca havia falado com ele. Falou que era muito amigo do Nino e que gostava muito dele. Eu fiquei muito feliz por ele ter parado pra conversar e ainda falar bem do meu irmão. Não sei se eu falei alguma coisa, mas aquilo me deixou emocionado. Depois ele se dirigiu a sua casa, que ficava a uma quadra dali, e eu fiquei observando-o se afastar, não acreditando no que aconteceu.
Esta história poderia ser esquecida, se 2 ou 3 dias depois não tivéssemos recebido a notícia que ele havia falecido durante a noite. Fiquei muito abatido com aquilo, não querendo acreditar. Fui com minha mãe Adelaide até a sua casa, onde estava sendo velado, mas minha coragem me abandonou e não consegui entrar.
A história do Bepino povoou minha mente por muito tempo e volta e meia retorna novamente.
