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Voo da Virgin Galactic ao espaço em julho teve problemas em sua rota

Problema na trajetória ameaçou comprometer a fase de retorno à Terra

Foto: Patrick T. Fallon / AFP / CP

Aeronave superou os 80 km de altitude, o ponto estabelecido nos EUA para a fronteira espacial 

Alertas de segurança foram acionados na cabine da nave da Virgin Galactic que transportou o bilionário Richard Branson ao espaço em julho, revelou uma investigação da revista The New Yorker.

A Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) informou nesta quinta-feira (2) que a empresa não poderá realizar novos voos espaciais enquanto se investiga por que a nave que transportou o fundador da companhia, Richard Branson, em 11 de julho, se desviou de seu trajeto planejado.

“A Virgin Galactic não poderá voltar a voar o SpaceShipTwo até que a FAA aprove o relatório final de investigação sobre o desvio ou determine que o problema não afeta a segurança pública”, informou a agência federal. A companhia garantiu, naquele momento, que o voo ocorreu conforme o planejado.

“Durante o voo de 11 de julho de 2021, a aeronave da Virgin Galactic SpaceShipTwo se desviou de sua autorização de controle de tráfego aéreo enquanto retornava ao Spaceport America”, a base espacial utilizada pela empresa no deserto do estado do Novo México, disse a FAA. A investigação sobre essa irregularidade está “em andamento”, afirmou a agência.

Essa confirmação chega após a publicação de uma matéria do The New Yorker que revela o incidente. O problema na trajetória ameaçou comprometer a fase de retorno à Terra, quando a nave espacial VSS Unity, na qual viajavam os dois pilotos, Branson e outros três passageiros, acabou flutuando até pousar em uma pista do Novo México. Uma luz vermelha acesa indica um problema grave que poderia ter uma consequência fatal, explicou a revista.

A aeronave superou os 80 km de altitude, o ponto estabelecido nos Estados Unidos para a fronteira espacial, fazendo com que os passageiros se deslocassem de seus assentos e flutuassem por cerca de minutos sem gravidade. Citando fontes anônimas dentro da empresa fundada por Branson, a revista especificou que a forma mais segura de reagir a esses alertas teria sido interromper a missão. Os dois pilotos a bordo decidiram continuar a missão apesar das luzes, e o pouso finalmente ocorreu sem problemas.

“Contestamos as descrições e conclusões do artigo da New Yorker”, disse a Virgin Galactic em um comunicado à AFP. “Quando o veículo foi confrontado com ventos de grande altitude, que alteraram a trajetória, os pilotos e sistemas monitoraram a trajetória para garantir que ficasse dentro dos parâmetros da missão”, detalhou a empresa. “Nossos pilotos responderam apropriadamente a essas mudanças nas condições de voo”.

Nem o público nem a tripulação estiveram em perigo, argumentou a Virgin Galactic. “Embora a trajetória final tenha se desviado do nosso plano original, foi intencional e controlado”, disse.

Uma falha teria manchado a imagem da Virgin Galactic, que convidou toda a imprensa e muitos espectadores renomados – entre eles o magnata Elon Musk, dono da fabricante automotiva Tesla e da aeroespacial SpaceX – para este evento transmitido ao vivo. Branson, de 70 anos, venceu por alguns dias o fundador da gigante Amazon, Jeff Bezos, e sua companhia Blue Origin em uma corrida espacial entre bilionários.

Correio do Povo