Atualmente, mundo contabiliza 44 doses sendo testadas em humanos (fase clínica)
Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, disseram hoje ser provável que as candidatas a vacina contra a Covid-19 em teste, hoje, no mundo tenham de ser submetidas ao uso massivo para que tenham, finalmente, a eficácia comprovada.
Em um artigo opinativo, publicado nesta terça-feira na revista científica The Lancet, Susanne Hodgson e Kate Emary advertem para a importância de estudos contínuos de longo prazo após qualquer candidata a vacina ser licenciada e incluída em programas de imunização.
“Para determinar se uma vacina protege contra a Covid-19 grave, um ensaio clínico precisa mostrar que há significativamente menos casos de doença grave em indivíduos imunizados com uma vacina contra covid-19, em comparação com indivíduos que não foram”, explica Kate.
Por outro lado, a médica, que integra o Grupo de Vacinas de Oxford, salienta que não é tão simples identificar esses casos nos testes clínicos envolvendo o novo coronavírus (SARS-CoV-2).
“Apenas uma pequena proporção de indivíduos infectados com SARS-CoV-2 desenvolve doença grave, o que significa que um número extremamente grande de voluntários é necessário em um ensaio clínico para que haja casos suficientes para obter uma medida confiável da eficácia da vacina. Isso significa que é provável que só saberemos se uma vacina protege contra a doença grave, uma vez que tenha sido implantada e administrada a uma grande população”, prossegue.
O governo da Rússia decidiu neste sentido: aprovou, em agosto, a vacina para uso emergencial após a fase 2 de ensaios clínicos, com apenas 76 pessoas.
A partir disso, a Sputnik V começou a ser aplicada em um número maior de pessoas, paralelamente à fase 3, que vai incluir 40 mil voluntários.
Na China, a situação é um pouco diferente. Embora as vacinas ainda não estejam aprovadas, milhares de pessoas recebem doses de três candidatas em estudo.
Desde julho, o governo chinês permite que sejam vacinados indivíduos de grupos com alto risco de contraírem a doença.
O país asiático criou um programa em que as pessoas aderem ao experimento assinando formulários de consentimento para que façam uso emergencial, segundo o chefe da força-tarefa para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, Zheng Zhongwei.
Atualmente, há 44 vacinas para Covid-19 sendo testadas em humanos (fase clínica). Outras 154 seguem em desenvolvimento pré-clínico.
Susanne observa que “é improvável que vejamos um único vencedor na corrida da vacina contra a Covid-19”.
“Diferentes tecnologias trarão vantagens distintas que são relevantes em diferentes situações, Além disso, provavelmente teremos desafios com a fabricação e fornecimento de uma única vacina na escala necessária, pelo menos inicialmente.”