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Vaccari nega ter tratado de assuntos financeiros com Youssef

              Petista disse que os dois se conheceram “casualmente” há muitos anos

Vaccari diz que nunca tratou de assuntos financeiros com Youssef | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, afirmou nesta quinta, à CPI da Petrobras, que nunca tratou de assuntos financeiros com o doleiro Alberto Youssef. Segundo o petista, os dois se conheceram “casualmente” há muitos anos. Ele disse que esteve uma única vez numa empresa de Youssef, mas que o doleiro não estava lá. 

Vaccari afirmou que os termos da declaração da delação premiada do doleiro – que o acusou de recebimento de recursos ilegais – “não são verdadeiros”. O tesoureiro também disse não conhecer uma série de pessoas, como o ex-diretor Nestor Cerveró, a ex-presidente da estatal Maria das Graças Foster e o agente da policial federal Jayme Careca, acusado de fazer entregas de dinheiro por Youssef e investigado na Operação Lava Jato. Disse ainda que só encontrou uma vez com o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, mas disse que nunca esteve com ele na estatal. 
Segundo o petista, ele conheceu o dirigente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, na busca de recursos para o partido. Ele disse ser usual fazer visitas às empresas na busca de captação de recursos. Leite fechou acordo de delação premiada e cumpre pena em casa, em São Paulo. 
Vaccari afirmou ainda que não procede a acusação de “formação de quadrilha”, que consta de um dos inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) que envolve parlamentares citados na Lava Jato. O petista disse que não participou e não teve conhecimento da indicação de nenhum dos diretores da Petrobras. 
Vaccari repetiu que todas as contribuições recebidas pelo PT são contabilizadas e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O petista disse que não é verdadeira a afirmação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que recebia recursos de origem ilegal. 
O tesoureiro disse também que o empresário Julio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, não fez nenhuma doação de campanha na conta do diretório nacional, mas sim nas contas de deputados e senadores. 
Vaccari respondeu a 40 minutos de perguntas do relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), e depois começaram os questionamentos dos demais parlamentares. 
Na noite desta quarta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, concedeu habeas corpus para garantir a Vaccari direito a permanecer calado, não se incriminar, ser assistido por um advogado e não ser preso. Mesmo assim, o petista tem respondido até o momento a todas as perguntas. 
Acareação 
Vaccari Neto esquivou-se de dizer se é favorável à realização de uma acareação entre ele e o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais delatores da Operação Lava Jato que o acusaram de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. “Sobre a acareação, eu não tenho o que dizer, porque não depende da minha vontade”, disse. 
Diante da insistência do deputado Bruno Covas (PSDB-SP), o petista virou-se para seu advogado, Luiz Flávio D ‘Urso, para consultá-lo. O gesto foi repreendido por deputados presentes à sala da reunião. Vaccari, então, limitou-se a responder: “Nas inúmeras declarações minhas que dei nesse processo, eu sempre me coloquei à disposição”, afirmou. 
O tesoureiro negou ter feito qualquer depósito à sua cunhada, Marice de Lima, ou a familiares. As investigações da Lava Jato apontaram que Marice teria recebido R$ 100 mil do esquema operado pelo doleiro Alberto Youssef. Vaccari fez questão de dizer que mantém “com a senhora Marice uma relação estritamente familiar”. E completou: “A relação que tenho com a minha cunhada é estritamente familiar e reafirmo que os termos da declaração de Alberto Youssef não são verdadeiros.” Questionado se toparia fazer uma acareação com Alberto Youssef, o petista esquivou-se de responder diretamente. “Desde o início desse processo, sempre estive à disposição das autoridades competentes”, afirmou. 
O tesoureiro do PT afirmou ainda que, “até o dia de hoje”, tem o apoio do Diretório Nacional do partido para continuar à frente da tesouraria da legenda. “Até o dia de hoje, a avaliação que eu tenho é que tenho apoio do Diretório Nacional para continuar na Secretaria de Finanças. Agora, esse é um debate que tem que ser feito no diretório nacional”, afirmou. 
Pouco antes, questionado pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) sobre declarações de petistas que o querem foram do cargo por causa das denúncias de envolvimento na Operação Lava Jato, o tesoureiro afirmou que a decisão de uma eventual saída sua do cargo não cabe a ele. “A decisão de estar na Secretaria de Finanças não pertence a mim, pertence ao Diretório Nacional do partido. Essa decisão, se for pautada, será discutida e tomada”, disse. 
Vaccari afirmou também que a SBM Offshore, empresa holandesa fornecedora de plataformas para a estatal e investigada no escândalo, nunca fez qualquer doação ao partido. Em seu depoimento, disse que, pela legislação, a Petrobras não pode doar para partidos políticos, mas as empreiteiras podem. 
O tesoureiro afirmou ainda que o PT nunca recebeu qualquer doação da Sete Brasil, empresa que contrata a construção de sondas para a Petrobras. “Não existe”, disse. Ele disse ainda que desconhece as doações anteriores a 2010, ano em que assumiu a tesouraria do partido. 
O deputado André Moura (PSC-SE) rebateu os dados de recebimento de recursos ao PT e, indiretamente, criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder um habeas corpus em favor dele. Para o parlamentar, o tesoureiro recebeu o “indulto do pinóquio” para mentir à CPI. 
Fonte Correio do Povo.