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União Europeia valida os primeiros planos de reativação pós-covid

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi a primeira pessoa a utilizar o “passaporte de saúde” na viagem para Portugal

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi a primeira pessoa a viajar com o “passaporte de saúde” europeu, que entrará em vigor em 1° de julho 

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegou a Lisboa nesta quarta-feira e segue depois a Madri para demonstrar o apoio de Bruxelas aos planos português e espanhol de reativação pós-pandemia, financiados com um empréstimo comum sem precedentes no continente.

Portugal, que detém a presidência semestral do Conselho Europeu, deu o exemplo ao tornar-se, em abril, o primeiro país a apresentar a Bruxelas os seus projetos de investimento, incluídos no mega-plano europeu de reativação pós-Covid de 750 bilhões de euros (910 bilhões de dólares), duramente negociado pelos 27 estados-membros até a sua adoção em julho de 2020.

Desde então, a maioria dos Estados-membros também apresentou os seus e receberá a visita de Von der Leyen, que viajou pela primeira vez com o “passaporte de saúde” europeu, que entrará oficialmente em vigor em 1º de julho.

Segunda etapa da viagem, a Espanha será o segundo maior beneficiário dos fundos europeus, atrás apenas da Itália. Madri receberá 70 bilhões de euros (85 bilhões de dólares) em subvenções diretas e outros tantos bilhões na forma de empréstimos, totalizando 140 bilhões de euros (170 bilhões de dólares). A presidente da Comissão irá à Grécia e à Dinamarca na quinta-feira e visitará Luxemburgo na sexta-feira.

“Dois países do sul da Europa, que no passado não se sentiam acompanhados pela perspectiva europeia, agora notaram um extraordinário apoio e generosidade de seus parceiros do norte”, disse à Toni Roldán, diretor do centro de pesquisa política econômica EsadeEcpol em Madri.

De fato, o clima político na Europa mudou para melhor para Espanha e Portugal, que durante a crise da dívida de 2011 sofreram juntamente com a Grécia os ataques dos chamados ‘países frugais’, irritados por terem de financiar as despesas de seus parceiros do sul da UE, segundo eles menos virtuosos em termos de finanças.

A Espanha foi um dos países mais atingidos pela primeira onda da pandemia do coronavírus, na primavera de 2020, enquanto Portugal viveu o seu pior momento no início deste ano. Ambas as economias, altamente dependentes do turismo, sofreram gravemente.

E embora persistam algumas dúvidas sobre as condições associadas a estes planos de reativação, Toni Roldán reconhece que esperava da Espanha e de Portugal “maior ambição de reformas”, especificamente na área da educação.

“Compreendo que seja difícil para a Comissão neste ambiente complicado, com o aumento do populismo, todo o sofrimento pós-pandemia… É difícil exigir reformas muito profundas, mas ao mesmo tempo é o melhor momento”, argumenta Roldán.

Transição ecológica

Em Lisboa, Von der Leyen vai encontrar-se com o primeiro-ministro António Costa, cujo país vai receber 16 bilhões de euros (19 bilhões de dólares) em verbas não reembolsáveis, num centro de exposições científicas.

Em Madri, a alemã será recebida à tarde pelo presidente do governo, o também socialista Pedro Sánchez, na sede da ‘Red Eléctrica de España’ (REE). A maior parte dos investimentos do plano espanhol (39%) será dedicada à transição ecológica.

Para financiar estes investimentos, os países da UE chegaram a um acordo sobre um mecanismo sem precedentes que permite emitir dívida conjunta e cujo processo de ratificação foi concluído no final de maio nos 27 Estados-membros.

A primeira emissão de dívida, no valor de 20 bilhões de euros, foi realizada na terça-feira e foi festejada por Von der Leyen como “a maior operação” já realizada na Europa.

A Comissão planeia angariar 100 bilhões de euros em títulos de longo prazo até ao final do ano para financiar os planos de recuperação nacionais.

Correio do Povo