Anúncio, em meio a uma crise com o Ocidente, contraria a promessa de Moscou de deixar o país, que fica na fronteira com a União Europeia
O governo de Belarus anunciou, neste domingo, que os exercícios militares conjuntos com a Rússia previstos para se encerrarem hoje vão continuar, em razão do aumento das tensões na vizinha Ucrânia.
O anúncio, em meio a uma crise com o Ocidente, contraria a promessa de Moscou de deixar o país, que fica na fronteira com a União Europeia.
“Tendo em vista o aumento da atividade militar perto das fronteiras (…) e o agravamento da situação no Donbas, os presidentes de Belarus e da Rússia decidiram continuar a inspeção das forças”, declarou o ministério da Defesa bielorrusso, no Telegram.
Durante essa “inspeção” de tropas, um termo para manobras militares, os “elementos de defesa” de Belarus e da Rússia “que não foram abordados com tantos detalhes durante o treinamento anterior serão examinados em profundidade”, continuou o ministério.
De acordo com Minsk, o objetivo das manobras continua sendo “garantir uma resposta adequada e uma desescalada dos preparativos militares realizados por pessoas mal intencionadas perto das fronteiras” da Rússia.
O leste da Ucrânia, onde as forças de Kiev combatem separatistas apoiados por Moscou desde 2014, vive uma onda de tiros, particularmente perigosa devido ao aumento das tensões entre Moscou e o Ocidente.
A Rússia, apesar dos anúncios de retirada militar, é acusada de ter reunido 150 mil soldados nas fronteiras ucranianas visando uma invasão. Já o governo norte-americano garante que, para iniciar uma guerra, Moscou só procura um pretexto.
O Kremlin nega planos nesse sentido, mas pede “garantias” de segurança nacional, em particular a promessa de que a Ucrânia nunca ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Também neste domingo, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que uma invasão russa pode vir não apenas do Leste, mas também do Norte, de Belarus, para “cercar Kiev”, a capital ucraniana.
O Kremlin não informou quantos soldados russos se uniram aos exercícios em Belarus, mas Washington estimou que sejam cerca de 30 mil.
*Com informações da Agência France Presse (AFP)