Tragédia resultou na morte de 242 jovens em janeiro de 2013
Tragédia resultou na morte de 242 jovens em janeiro de 2013 | Foto: Paulo Nunes / Especial / CP Memória
No dia que completa três anos e meio da tragédia, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS) irá anunciar, na manhã desta quarta-feira, a sentença de primeiro grau que define como os réus do processo da boate Kiss serão julgados. Entre as alternativas estão a de júri popular, impronunciar (o processo é encerrado e aberta uma nova denúncia), absolver ou desclassificar a infração e levar ao julgamento monocrático (julgamento criminal comum). A tragédia ocorrida no município de Santa Maria, na região Central, resultou na morte de 242 pessoas, sendo que a maioria jovens, que estavam na casa noturna na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013.
A decisão será do titular da 1ª Vara Criminal da Justiça de Santa Maria, juiz Ulysses Fonseca Louzada, que analisa o processo criminal. A sentença tem como base uma decisão do Conselho da Magistratura (Comag) do TJ/RS para que o processo tenha tramitação agilizada. São réus os sócios da casa noturna Elissandro Callegaro Spohr (Kiko), Mauro Londero Hoffmann; o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor de palco Luciano Augusto Bonilha Leão, ambos da banda Gurizada Fandangueira.
Eles são acusados pelo crime de homicídio com dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de causar a morte; qualificado por meio cruel (fogo e asfixia) e motivo torpe (ganância) das 242 vítimas fatais, além de tentativas de homicídios dos mais de 600 feridos no incêndio.
Para esta quarta-feira, está prevista uma vigília a partir das 10h em uma tenda montada pelos familiares das vítimas da tragédia na praça Saldanha Marinho, no Centro de Santa Maria. Entre as manifestações deverão ser feitas orações e momentos de reflexões. Um minuto de barulho está previsto para às 18h.
Segundo o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, Sérgio da Silva, a expectativa é de que o juiz responsável pelo processo dê uma resposta mais forte. “A impunidade é a porta de entrada da desvalorização humana e do caos social”, afirmou. O coordenador do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio Silva, disse acreditar que a decisão será pelo júri popular. “Não aceito que seja diferente”, afirmou ele, lembrando a superlotação da casa noturna.
A tragédia da boate Kiss provocou comoção internacional e mobilizou autoridades, inclusive provocando mudanças na legislação nacional e revisões nas leis de combate a incêndio.
Correio do Povo