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“Tem que ter coragem”, afirma procuradora da Lava Jato

Integrante da nova força-tarefa criada em São Paulo relata que “poderosos” processam investigadores

Integrante da nova força-tarefa criada em São Paulo relata que poderosos processam investigadores | Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil / CP

Na avaliação da procuradora da República Thaméa Danelon, para processar poderosos são necessários conhecimento jurídico, técnico e uma boa dose de destemor. A procuradora faz parte da recém-criada força-tarefa da Operação Lava Jato, em São Paulo. Doze inquéritos já foram instaurados com base na delação da Odebrecht. “Tem que ter coragem. Os poderosos nos processam na Corregedoria, entram com ação contra a gente. Tem que fazer nosso trabalho, mas com uma boa dose de coragem”, considera Thaméa. Ela faz uma previsão sobre o alcance da grande investigação. “Não dá para colocar um limite. Ela vai chegar onde tiver que chegar.”

A criação da força-tarefa vai permitir uma melhor organização das investigações ligadas à Lava Jato. Em vez de serem livremente distribuídas dentro do Ministério Público Federal, as apurações têm destino certo: o grupo formado pelos procuradores Thiago Lacerda Nobre, José Roberto Pimenta Oliveira, Anamara Osório Silva e Thaméa. “Já sabemos que o que vier da Lava Jato, vai acabar vindo, vai vir para um dos quatro”, afirma Thaméa. “Trabalhando em equipe, se eu saio de férias, os colegas já estão familiarizados. Fica mais fácil de organizar o trabalho.”

Para a procuradora, a força-tarefa vai facilitar também o contato com autoridades estrangeiras e pedidos de cooperação internacional. “Eles já sabem quem procurar. Vai facilitar a condução das investigações.” Segundo Thaméa, a criação da força-tarefa em São Paulo indica que a Lava Jato não está no fim. “Não está no fim, porque a cada semana novos fatos surgem, novas pessoas são apontadas como criminosas, então o serviço não pode parar, tem que apurar. Alcance quem alcançar, chegue em quem chegar tem que continuar. Essa é a maior operação de combate à corrupção da humanidade, de todos os tempos. Três anos não é muito, é até pouco.”

Correio do Povo