Relatório indica aquisição de 12 mil quilos de cortes nobres de carne bovina
Uma fiscalização do Tribunal de Contas da União apontou que o Exército gastou mais de R$ 700 mil em recursos destinados ao combate à pandemia da Covid-19 com salgados, sorvetes e refrigerantes, além de 12 mil quilos de carnes bovinas de cortes nobres, como filé mignon e picanha.
As informações contam de acórdão datado da última quarta-feira, lavrado no bojo de um acompanhamento realizado a pedido da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.
Durante a análise, a área técnica da Corte de Contas identificou despesas de R$ 255.931,77 com “salgados diversos típicos de coquetel, sorvetes e refrigerantes”. Para a Secretaria de Controle Externo da Defesa Nacional e da Segurança Pública, “em razão do baixo valor nutritivo e sua finalidade habitual” de tais alimentos, “muito provavelmente não teriam sido utilizadas para o reforço alimentar da tropa empregada na Operação Covid-19”.
Além disso, foi constatada a compra, por apenas duas organizações militares, “de elevada quantidade de carnes bovinas de cortes nobres, filé mignon e picanha, 12.000 kg, total de R$ 447.478,96, representando 21,7% do total despendido por todas as unidades do Exército com carne bovina em geral, que foi de R$ 2.063.859,33”.
Na avaliação da área técnica do TCU, a compra violou os princípios da razoabilidade e do interesse público, considerando a “utilização de recursos tão caros à sociedade, oriundos de endividamentos da União que agravaram ainda mais a crise econômica e social vivenciada pelo Brasil, para a aquisição de artigos de luxo, quando disponíveis alternativas mais baratas e que igualmente cumpriam a finalidade pretendida”.
Os gastos foram somente parte das irregularidades identificadas pelo Tribunal de Contas da União ao analisar como as Forças Armadas gastaram os recursos a elas repassados para auxiliar no combate à Covid-19. As despesas com gêneros alimentícios identificadas, no entanto, foram realizadas somente pelo Exército.
Em julgamento na quarta-feira, o TCU usou o relatório para fazer uma série de recomendações ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos com relação a um decreto que trata da “descentralização de créditos entre órgãos e entidades da administração pública federal integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União”.
Posição do Exército
O Exército Brasileiro pauta sua atuação pelo respeito à legalidade, lisura e transparência na gestão de bens e recursos públicos, bem como pela colaboração com as demais instituições de Estado.
A Força tem envidado todos os esforços para atender plenamente às demandas e orientações recebidas do TCU e vem trabalhando, por meio de seu Sistema de Controle Interno, para promover a transparência e apurações de eventuais impropriedades na aplicação dos recursos públicos.
No caso em questão, cabe destacar que os recursos enviados pelo Ministério da Saúde foram destinados ao ressarcimento dos gastos efetuados antecipadamente na logística de apoio ao combate da Covid-19, portanto necessários à reposição dos estoques, bem como para a manutenção da vida vegetativa das unidades militares.
Correio do Povo