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Se non è vero è bene trovato, Mocotó – Viviane M Foresti

Aproveitando o friozinho que vem chegando
e divagando sobre comida

Se non è vero è bene trovato
Mocotó

Meu primeiro mocotó, o de minha infância ainda era chamado de “mondongada” e feito pela minha mãe, num tempo que se comprava o “bucho” ainda fechado e cheio de bosta no açougue do Favretto quase na esquina da Av. 7 de Setembro com a Av. Expedicionário em Sarandi.
Era tão fedido que se lavava no porão, dentro do tanque, com escova, sabão e Qboa.
A primeira fervura também era feita no porão por causa da “spussa” que empestava o ambiente e invadia a vizinhança sem dó nem piedade, desafiando os comensais a superar a repulsa antes de se refestelar com o prato pronto.
Até hoje não entendo o louco teve a idéia de cozinhar o dito bucho e menos ainda os que toparam comê-lo!
Porém a dita modongada quando pronta nos proporcionava uma orgia alimentar. Para acompanhar, só um de pão de quilo para degustar o molho espesso. De lamber os bigodes, se os tivesse.
O segundo, já rebatizado de mocotó foi feito pela minha irmã, a primeira corajosa a se aventurar neste campo tão complexo e ainda fedido da nossa gastronomia.
Durante muitos anos ela monopolizou a receita e nos presenteou com ao menos uma degustação anual, sempre no inverno.
A família grande reunida, empanturrando-se , tomando um vinho e rindo das velhas histórias como se fossem novas.
Mas os convites para degustar esta maravilha foram escasseando e fui obrigada a aprender a fazê-la.
Só tive coragem de me iniciar neste campo depois que o bucho passou a vir limpo e já fatiado. Mesmo assim a primeira fervura continua sendo feita bem longe da cozinha.
É cozido dentro da churrasqueira de modo que sua “spussa” espalha-se pelos arredores infiltrando-se em cada fresta de janela não poupando ninguém.
Deu trabalho , mas depois de algumas tentativas posso dizer que cheguei perto de minha irmã embora ela continue sendo a campeã do mocotó e eu continue no aguardo de novos convites.
Já propus fazer do mocotó ou mondongada o prato símbolo da Família grande, dada a sua origem tão próxima de nosso assunto preferido para encerrar qualquer regabofe.
Mas minha proposta obviamente não foi aceita pois nem todos da nova geração sabem apreciar este prato tão gaúcho.
Viviane M Foresti