Dando un salto no tempo, a família continua aprontando
Se non è vero è bene trovato
Família grande degustando vinhos
Vale dos Vinhedos, um sábado de fevereiro, em plena tarde, 35 graus, a família grande, que estava hospedada no Spa do Vinho no Vale dos Vinhedos para comemorar os aniversários do filho mais novo e do Capo, despencou colina abaixo para fazer uma degustação de vinhos na Vinícola Lídio Carraro, que fica quase em frente ao hotel, do outro lado da estrada.
Chegamos todos esbaforidos, suados e com muita sede e, enquanto esperávamos nossa vez de degustar os vinhos, nos ofereceram um copo de água, para nos refrescarmos e passarmos o tempo até chegar nossa hora .
Logo logo nos chamaram para a degustação, e neste momento armou-se uma confusão com minha irmã mais nova que, não sabendo mais qual era seu copo, proclamava aos quatro ventos que jamais havia dividido um copo na vida e que precisava de outro pois não suportava o cheiro de copo usado, já que segundo ela, tinha herdado o olfato aguçado do Nonno e, quase que, poderia reconhecer de quem era o “cuspe seco” no copo.
Sem se atrever a contrariá-la, gentilmente buscaram outro, e enfim começamos a provar os vinhos.
A mesma irmã, a que não dividia copo com ninguém, mas que não bebia toda a sua taça de degustação, começou a despejar seu vinho no copo do cunhado para não desperdiçar nada, segundo ela.
Enquanto ele, sem tantos pudores, se deliciava com a dose dupla.
Na quarta prova, degustando um cabernet sauvignon, mais uma vez ela se salientou.
Desta vez como expert em vinhos finos, elogiando muito o “camembert” que estava tomando.
Nossa anfitriã, a Ivone, parou de falar sem acreditar no que estava ouvindo, enquanto o resto do grupo desatou a rir.
A esta altura a Ivone, que já tinha percebido quem poderia comprar seus vinhos, oferecia copos generosos para o Capo, enquanto a massa ignara só recebia um dedinho de prova.
A degustação seguia num crescente de qualidade embora o Capo, contido nos elogios, não achasse nenhum tão bom quanto os vinhos argentinos ou chilenos.
Quando finalmente chegamos ao “top dos tops” ela sugeriu sentirmos o aroma do vinho antes e depois de bebermos para apreciarmos a evolução do bouquet.
O Capo, como perdeu o olfato, não se manifestou.
Desta vez deixou a peteca cair em seu genro, grande entendido em vinhos internacionais porém com olfato não tão refinado quanto o de sua digníssima esposa.
Este com todo o conhecimento de um enólogo amador, enfiou o nariz na taça, cheirou bem e, declarou com confiança: sim, agora estou sentido um delicioso aroma de sagu.
Mais uma vez a família não se conteve e desatou a rir enquanto ele tentava consertar a gafe perante uma Ivone boquiaberta e que, a estas alturas, já nos olhava com desgosto.
A esperança dela de vender alguns vinhos foi por água abaixo quando o Capo, com a desculpa que tinha vindo sem carro, escafedeu-se de fininho para não perder a massagem gratuita pré-agendada na piscina do hotel e meu cunhado, sempre disposto a levar uma barbada, descobriu que eram garrafas de 300ml – desistiu.
Sobrou para o enólogo amador que, para se redimir, comprou umas garrafas enquanto o resto da família semi-tchuca desaparecia escalando a colina no meio dos vinhedos cantando Merica, Merica, Merica.
Viviane M Foresti