Com inflação projetada, rendimento fica negativo em 0,23% em um ano. Especialistas sugerem outros investimentos para substituir a aplicação

Neste cenário, o rendimento com a aplicação mais popular do país ficou ainda pior, afundando-se de vez no território negativo. Isso porque a poupança devolve o valor investido mais 70% da taxa Selic, somado à Taxa de Referência (TR), que está zerada. Com isso, o atual retorno anual é de apenas de 1,40% a.a., sem descontar a inflação.

Para calcular o rendimento real, deve-se subtrair do ganho o IPCA do período. Como a projeção para a inflação em 2020 é de 1,63%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central, o investidor perde 0,23 ponto percentual em poder de compra deixando o dinheiro na poupança.

Para exemplificar, quem aplicar, hoje, R$ 100 vai ter na conta R$ 101,40 daqui a 12 meses. Porém, com o desconto da inflação, o saldo real a valores presentes fica em R$ 99,77. Ou ainda: quem coloca R$ 5 mil na caderneta, recebe R$ 5.070 após um ano, mas na verdade está perdendo R$ 11,50 devido ao IPCA.

De acordo com o BC, o saldo da poupança encerrou o mês de julho positivo em R$ 967.721.746 bilhões. Ou seja, esses quase R$ 1 trilhão investidos terão rentabilidade menor que a inflação.

Vale lembrar que a inflação ainda está bem abaixo do centro da meta de 4%, valor definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2020, com um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.

Dessa forma, se o IPCA subir nos próximos meses, o retorno da aplicação fica ainda mais negativo. “É hora de sair da poupança”, diz Cynthia Trisuzzi, analista de produtos da Ágora Investimentos.

Cálculo não deve ser alterado

Segundo especialistas, mesmo a poupança apresentando retorno real negativo, o cálculo não deve ser alterado. Cynthia lembra que o mercado chegou a especular a alteração da conta para 70% da Selic + IPCA, porém a ideia não seguiu adiante. “Não há nenhuma previsão para mudar e tornar a poupança mais vantajosa”, reitera.

Cynthia pede que os brasileiros com dinheiro na poupança tomem consciência o quanto antes para não verem o poder de compra corroído. “O cenário econômico não é favorável e ninguém pode ficar perdendo dinheiro”, afirma a analista da Ágora.

Nesse cenário, Claudia orienta os investidores a procurarem outros investimentos: “Fica como lição que é função do investidor buscar melhores alternativas”, enfatiza.

Onde investir?

Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar, orienta que o dinheiro alocado na poupança deva ser utilizado como reserva de emergência.

Assim, os produtos indicados para substituir a poupança são os CDBs de liquidez diária, fundos de investimentos de renda fixa e títulos públicos ligados à inflação. “Como alternativa para o investidor que está acostumado com a poupança, essas aplicações são opções com o rendimento melhor e com segurança e liquidez iguais”, compara Mori.

Em relação aos CDBs, Cynthia ressalta que qualquer um que tenha rentabilidade superior a 91% do CDI já obém retorno melhor que a poupança. “A única diferença é que nele é cobrado Imposto de Renda e a Poupança não. Porém a rentabilidade dele é maior e acaba compensando”, justifica a analista da Ágora.

Já em relação aos fundos, Mori adverte que é muito importante o investidor ficar atento às taxas de administração. Se forem muito altas, os ganhos podem ser praticamente zerados e, por isso, é importante sempre buscar taxas menores do que 1%.

Já em relação aos títulos públicos atrelados à inflação, a coordenadora da FGV ressalta que o volatilidade é um pouco maior. Porém, os ativos são um boa maneira de ter rentabilidade acima da inflação.

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