O zelador da fonte
Conta uma lenda austríaca que em determinado povoado, havia um pacato habitante da floresta que foi contratado pelo Conselho Municipal para cuidar das piscinas que guarneciam a fonte de água da comunidade.
O cavalheiro com silenciosa regularidade, inspecionava as colinas, retirava folhas e galhos secos, limpava o limo que poderia contaminar o fluxo da corrente de água fresca.
Ninguém lhe observava as longas horas de caminhada ao redor das colinas, nem o esforço para a retirada de entulhos.
Aos poucos, o povoado começou a atrair turistas.
Cisnes graciosos passaram a nadar pela água cristalina.
Rodas d´água de várias empresas da região começaram a girar dia e noite.
As plantações eram naturalmente irrigadas, a paisagem vista dos restaurantes era de uma beleza extraordinária. Os anos foram passando.
Certo dia, o Conselho da cidade se reuniu, como fazia semestralmente.
Um dos membros do Conselho resolveu inspecionar o orçamento e colocou os olhos no salário pago ao zelador da fonte.
De imediato, alertou aos demais e fez um longo discurso a respeito de como aquele velho estava sendo pago há anos, pela cidade.
E para quê? O que é que ele fazia, afinal?
Era um estranho guarda da reserva florestal, sem utilidade alguma.
Seu discurso a todos convenceu.
O Conselho Municipal dispensou o trabalho do zelador da fonte de imediato.
Nas semanas seguintes, nada de novo.
Mas no outono, as árvores começaram a perder as folhas.
Pequenos galhos caíam nas piscinas formadas pelas nascentes.
Certa tarde, alguém notou uma coloração meio amarelada na fonte.
Dois dias depois, a água estava escura.
Mais uma semana e uma película de lodo cobria toda a superfície ao longo das margens.
O mau cheiro começou a ser exalado.
Os cisnes emigraram para outras bandas.
As rodas d´água começaram a girar lentamente, depois pararam.
Os turistas abandonaram o local.
A enfermidade chegou ao povoado.
O Conselho Municipal tornou a se reunir, em sessão extraordinária e reconheceu o erro grosseiro cometido. Imediatamente, tratou de novamente contratar o zelador da fonte.
Algumas semanas depois, as águas do autêntico rio da vida começaram a clarear.
As rodas d´água voltaram a funcionar.
Voltaram os cisnes e a vida foi retomando seu curso.
* * * Assim como o Conselho da pequena cidade, somos muitos de nós que não consideramos determinados servidores.
Aqueles que se desdobram todos os dias para que o pão chegue à nossa mesa, o mercado tenha as prateleiras abarrotadas; os corredores do hospital e da escola se mantenham limpos.
Há quem limpe as ruas, recolha o lixo, dirija o ônibus, abra os portões da empresa.
Servidores anônimos.
Quase sempre passamos por eles sem vê-los.
Mas, sem seu trabalho, o nosso não poderia ser realizado ou a vida seria inviável.
O mundo é uma gigantesca empresa, onde cada um tem uma tarefa específica, mas indispensável.
Se alguém não executar o seu papel, o todo perecerá.
Dependemos uns dos outros.
Para viver, para trabalhar, para ser felizes!
Pensemos nisso!
Redação do Momento Espírita com base no cap. O zelador da fonte, de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press