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Rede pede ao STF apuração sobre dossiê do governo contra servidores antifascistas

Quase 600 funcionários públicos foram incluídos em lista de investigados da Secretaria de Operações Integradas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública

Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça. Foto: Divulgação / CP

A Rede Sustentabilidade pediu ao Supremo Tribunal Federal que determine a abertura de inquérito na Polícia Federal para investigar um dossiê elaborado pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, contra 579 servidores federais e estaduais identificados como “antifascistas”. A pasta é comandada por André Mendonça, que deixou a Advocacia-Geral da União para substituir o ex-ministro Sérgio Moro. O jornalista Rubens Valente, do site UOL, obteve o relatório de inteligência sigiloso.

Na lista de investigados aparecem servidores da área da segurança, como policiais, e da docência de todas as regiões do País. A Seopi, criada durante a gestão de Moro, integra operações policiais contra o crime organizado e redes de pedofilia, tendo atuado nas fases da Operação Luz na Infância. As atribuições da secretaria mudaram quando Mendonça assumiu o posto após o ex-juiz da Lava Jato pedir demissão.

Mendonça nomeou um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal para comandar a Seopi e, um mês depois, solicitou uma investigação completa de movimentos que possam colocar em risco a “estabilidade política” do governo.

“O que se vê é um aparelhamento estatal em prol de perseguições políticas e ideológicas a partir de uma bússola cujo norte é o governante de plantão: quem dele discorda merece ser secretamente investigado e ter sua imagem exposta em dossiês ‘da vergonha’ perante suas instituições laborais”, apontou a Rede.

Além da abertura do inquérito, a Rede pede ao STF que solicite o envio do dossiê criado pela gestão Mendonça e impeça a elaboração de novos relatórios com objetivo de constranger ilegalmente cidadãos. O partido também quer que a pasta informe quais conteúdos produziu desde o ano passado para o subsistema de inteligência de segurança pública, informando, no mínimo, o objetivo das apurações e os destinatários de cada relatório.

O dossiê secreto contra os antifascistas foi elaborado em 5 de junho, após um manifesto intitulado ‘Policiais antifascismo em defesa da democracia popular’, assinado por 503 servidores da área de segurança pública de todo o País. O relatório foi concluído no mesmo mês.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública não quis comentar o caso específico do dossiê. Em nota ao jornal O Estado de S.Paulo, a Pasta informou apenas que a atividade de inteligência da pasta visa ‘identificar, avaliar e acompanhar ameaças potenciais ou reais’.

“O objetivo é subsidiar decisões que visem a ações de prevenção, neutralização e repressão de atos criminosos de qualquer natureza que atentem contra a ordem pública, a incolumidade das pessoas e o patrimônio”, disse o Ministério.

FONTE
Correio do Povo, com AE/ Ricardo Pont