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Quase metade dos gaúchos admite não ter hábito da leitura, aponta pesquisa

Instituto Estadual do Livro aponta que quanto menor a escolaridade e renda, menor o envolvimento com o mundo da leitura

A leitura não compõe a rotina de 48,3% dos gaúchos. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Estadual do Livro (IEL), desenvolvida pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO). “Essas pessoas não têm o hábito de ler, nem na forma impressa e nem na digital. Esse indicador segue a tendência nacional, pois 48% dos brasileiros declaram não ter relação de proximidade com qualquer tipo de literatura. Porto Alegre mantém o comportamento estadual”, explicou a diretora do IPO, Elis Radmann. Segundo ela, na região da Fronteira, em cidades como Uruguaiana, São Borja e Santana do Livramento, a população demonstra maior apreço pelo hábito da leitura, com 65,2%.

Entre os entrevistados, pouco mais da metade (51,7%) declararam ter hábito de ler livros, um índice inferior ao do Brasil, de 52%, conforme mostrou uma sondagem do Instituto Pró-livro, de 2019. O Rio Grande do Sul, porém, registra média superior de livros lidos ao ano: 7,6 exemplares contra 2,5 de média nacional.

Quanto menor a escolaridade e renda, menor o envolvimento com o mundo da leitura. Entre as pessoas com ensino fundamental, só 37% dizem que ler livros é parte da rotina.

Entre aquelas com ensino médio, a marca sobe para 52,8% e, entre as pessoas com ensino superior, para 74,3%.

O mesmo fenômeno ocorre na relação entre o hábito de leitura e a renda familiar: entre os gaúchos com renda de um a dois salários mínimos, o hábito de leitura é de 45,9%; na faixa de renda de três a cinco salários mínimos, sobe para 55,8%; e entre os que recebem seis salários mínimos ou mais, chega a 72,2%.

Assim como o hábito varia conforme a classe social, o tipo de leitura também muda: quanto menor a renda familiar, maior a relação com livros de religião ou espiritualidade e autoajuda. O distanciamento social da pandemia motivou a leitura entre pessoas com renda de um a dois salários mínimos, que com acesso reduzido à internet ficaram saturadas com a programação da TV aberta.

O interesse pelos livros técnicos também cresce conforme aumenta a renda. Pessoas de famílias com três a cinco salários mínimos veem na literatura a possibilidade de adquirir mais conhecimento e cultura. Já famílias com renda acima de seis salários mínimos desenvolvem mais apreço por literatura eclética, acompanhando os lançamentos, para momentos de entretenimento e lazer ou em razão da atividade profissional.

O IPO realizou mil entrevistas com pessoas a partir dos 16 anos em 52 municípios gaúchos, de 24 a 28 de maio. Foram utilizados dados quantitativos e estratificados por região, sexo biológico, idade e situação de trabalho.

FONTE
Camila Diesel/Rádio Guaíba