Governo dos EUA mantém pressão econômica sobre aliados
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A nova tarifa, de 15%, representa uma diminuição significativa em relação aos 30% que estavam sendo praticados anteriormente. Segundo Trump, o acordo foi selado após um anúncio de que o bloco europeu concordou em gastar US$ 750 bilhões do setor de energia e investir US$ 600 bilhões nos Estados Unidos.
O acordo irá ‘reequilibrar, e possibilitar o comércio para ambos os lados’, disse Ursula von der Leyen.
Também na terça-feira, a Casa Branca confirmou um acordo comercial com a Indonésia que prevê a ‘eliminação de 99% das barreiras tarifárias do país asiático para produtos americanos’, enquanto os EUA vão reduzir a tarifa de 32% para 19% para os produtos do país entrarem no mercado americano.
A Indonésia também se comprometeu a comprar cerca de US$ 15 bilhões em produtos dos EUA nos próximos dois anos e eliminar algumas barreiras técnicas e sanitárias que limitavam a entrada de produtos americanos.
O acordo firmado entre os governo americano e as Filipinas determina que produtos oriundos do país do sudeste asiático sejam taxados em 19%, o que está abaixo da média de 25% a 50% que foi imposta a países sem acordo. Por outro lado, produtos norte-americanos exportados às Filipinas terão isenção total de tarifa e os dois países reforçaram um compromisso de cooperação militar.
O governo americano determinou uma tarifa de 20% sobre produtos vietnamitas importados, abaixo dos 46% anunciados anteriormente, e uma taxa de 40% aos produtos que passam pelo Vietnã, mas são originários de outros países. Além disso, o Vietnã concederá aos EUA acesso total aos seus mercados comerciais e não vai taxar exportações de produtos americanos.
Reino Unido
O primeiro acordo tarifário do segundo mandato de Donald Trump foi com o Reino Unido. Anunciado em 8 de maio, ele determina uma taxação base de 10% dos EUA sobre produtos britânicos e uma isenção total de tarifas para componentes e produtos aeroespaciais britânicos dentro da cota acordada. Em troca, a Grã-Bretanha reduziu a tarifa média sobre bens americanos de 5,1% para cerca de 1,8% e existirá simplificação aduaneira para as exportações americanas.
Os Estados Unidos e a China firmaram uma trégua tarifária, que deve ser prorrogada por mais 90 dias. A trégua foi firmada depois que Trump anunciou o aumento das tarifas de produtos chineses para um mínimo de 145%, o que paralisou parte do comércio entre os países. A expectativa é que os países voltem a se reunir na próxima semana.
Durante a trégua, Washington impôs uma tarifa-base contra os produtos chineses em 30%, no lugar dos 145%. Já o país asiático colocou taxas de 10% sobre os produtos americanos até novo acordo ser fechado.
Acordos em negociação
O presidente Donald Trump disse que a maioria dos acordos, ‘se não todos’, será concluída até agosto. Muitos países ainda não conseguiram chegar a um desfecho, mas vários deles estão em negociações com os EUA.
No início de julho, a Bloomberg noticiou que os Estados Unidos estão trabalhando em um acordo com a Índia que pode reduzir as tarifas propostas para menos de 20%. Em contrapartida, a Índia reduziria tarifas sobre produtos agrícolas oriundos dos EUA.
Alinhada ideologicamente com os EUA, a Argentina ainda não formalizou um acordo, mas tenta reverter a imposição de tarifas sobre importação siderúrgica do país. Segundo o jornal Clarin, o governo argentino trabalha com a expectativa de ter tarifa zero sobre 80% do comércio bilateral.
Na quinta-feira, 24, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, revelou ter conversado com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. Escalado para liderar essas negociações, Alckmin disse que uma das propostas passa por dobrar a relação bilateral com os EUA nos próximos cinco anos.
Empresários estão preocupados com a possibilidade do Brasil retaliar os Estados Unidos adotando sobre tarifas aos produtos americanos. A expectativa do setor é que as negociações sejam feitas com cautela e que, à princípio, o governo consiga pelo menos um adiamento das tarifas para depois do 1º de agosto. Assim, teriam mais tempo para negociações. Este cenário, no entanto, perdeu força neste domingo, quando Trump repetiu que não haveria novas negociações com outros países até o início do próximo mês.
Estadão Conteúdo