Vitor Abdala e Douglas Corrêa – Repórteres da Agência Brasil
O diretor-presidente da Editora Vozes, Antônio Moser, 75 anos, foi morto com um tiro na manhã de hoje (9), após ser abordado por assaltantes na Rodovia Rio-Petrópolis, altura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes receberam a informação da morte por volta das 7h.
Quando chegaram ao local, os policiais encontraram frei Moser no banco do motorista de um Honda Civic, da Editora Vozes, na pista central, sentido Rio de Janeiro. Mesmo ferido, ele ainda conseguiu dirigir o carro até o acostamento. Os criminosos, que estariam de moto, conseguiram fugir. Equipes da concessionária que administra a estrada foram até o local e chegaram chamar uma ambulância, mas o religioso já estava morto.
Agentes da PRF isolaram o local para a realização da perícia. O caso foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que já fez perícias no local. O corpo foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML).
Antônio Moser era frei franciscano, formado em filosofia e teologia, ex-professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e autor de mais de 25 livros. O religioso tinha doutorado em teologia, com especialização em moral, na Academia Alfonsianum – Roma. Era também professor de teologia moral e bioética no Instituto Teológico Franciscano (ITF), em Petrópolis; pároco da Igreja de Santa Clara de Petrópolis; diretor do Centro Educacional Terra Santa, além de conferencista no Brasil e no exterior.
A Editora Vozes distribuiu o seguinte comunicado: “Comunicamos com imenso pesar o falecimento de frei Antônio Moser. Pedimos a todos e todas união e força neste momento inesperado e difícil e que possamos continuar unidos na fé e esperança da ressurreição.”
O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, declarou luto oficial de três dias na cidade, devido à morte do religioso. As bandeiras do Palácio Sérgio Fadel, sede da prefeitura, foram colocadas a meio mastro.
O ministro provincial, frei Fidêncio Vanboemmel, pediu orações e lamentou a morte trágica de frei Moser. “A dura realidade que povoa com frequência os nossos noticiários bate à nossa porta. Com susto e tristeza recebemos a notícia da partida repentina de um irmão, vítima da violência que infelizmente tem se tornado cada vez mais comum”.
Frei Fidêncio destacou que a vida de Antônio Moser foi marcada pelo entusiasmo e pela determinação. “Atuou em muitas frentes simultaneamente, desde o estudo e a pesquisa, o trabalho pastoral, as aulas, conferências, o trabalho na comunicação, a dedicação a obras sociais. Especialmente nas décadas de 1970 e 1980, dedicou-se de corpo e alma ao pastoreio de comunidades da Baixada Fluminense, atuando na formação do povo e na construção de igrejas. Hoje, infelizmente, devolvemos a Deus a vida deste irmão, vítima de assassinato na mesma Baixada que tanto amou. Que sua partida leve toda a sociedade a buscar caminhos alternativos, que vençam a violência e a dor”, acrescentou.
O vigário provincial, frei Evaristo Spengler, esteve ontem (8) com frei Moser em Petrópolis. “Eu cheguei a perguntar a ele se ficaria mais tempo em São Paulo. Ele disse: ‘não, meu tempo é curto e tenho que voltar ainda hoje’”, contou frei Evaristo. “Além de ser meu confrade, meu professor de teologia, ele é primo de minha mãe. É uma perda muito grande para a província e para a Igreja. Ele foi uma referência na teologia moral do Brasil. Prova disso foi a sua nomeação para o Sínodo da Família”, lembrou o vigário provincial. Para frei Evaristo, frei Moser estava no auge de sua vida religiosa e de seu trabalho de evangelização.
No momento em que foi baleado, frei Moser estava a caminho de São Paulo, onde gravaria o programa Pelos Caminhos da Fé, para a rádio Canção Nova. Em outubro do ano passado, ele foi o único teólogo brasileiro nomeado para o Sínodo da Família. Oficialmente, frei Moser completou 50 anos de vida sacerdotal no dia 15 de dezembro.
O horário do velório e o local do enterro ainda não foram definidos.